quarta-feira, abril 27, 2005

Esclarecendo

O facto de coexistirem neste "blog" duas gramáticas tão distintas é sinal de tolerância -não pense você que me livro das correções semanais; até via sms, obrigada Filipe. Mas a correção linguística é um assunto importante, temos que tirar a capacidade de aprender com esta rubrica. «Pior academismo balofo» A Maria é uma uma pessoa com conhecimentos, capacidade, até, com reconhecida competência na matéria. É um assunto que lhe diz respeito directamente, q que lhe é caro, daí que, tenha aproveitado o espaço para divulgação -antes da publicação do livro.
"Não se trata de tirar o corpo fora" mas aqui apenas o titulo é colectivo, e cada uma assume os danos colaterais que causa e recolhe os estilhaços. Só ela aqui tem autoridade para tal iniciativa. [Eu no inicio-antes do inicio!- ponderei publicar na sua companhia].
«Delicadeza» ao referirnos no plural!? nenhum dos seus comentários sobre esse assunto, «...gramática horrível, portuguesmente horríveis...», foi delicado.
Espero bem que ela não lhe responda, pois você também não respondeu ao que de cariz pessoal diz respeito, nem mesmo nos momentos menos tensos.
«Países geoestrategicamente importantes» [A frase fez um clique aqui dentro, desenvolvo depois; mas não é aprovação] no entanto acho imensa graça a «exportação da democracia», não acho que esse bem seja passível de tal.
Confesso que nos meus delírios nunca sonhei ser(mos) reconhecida(s) como «blog de referência» [ou... espere aí, era ironia?] Mesmo gostando vou ter que declinar; só temos 3/4 caros participantes- leitores [ Ó Maria deveriamos colocar um contador de visitantes; alguém sabe como se faz? ] Também não resisto a escrever, que vindo de você com todas estas altercâncias não deve ser uma verdade inabalável- não estou a duvidar da sua honestidade em si. Também há a questão de não saber de quem provém... experiência na matéria ou semelhante. Confesso que não leio o Abrupto. Lia, assiduamente, dois blogues e um deles passou a regime de part-time.
Lastimamos perder um leitor interviniente.
À Cristina, Filipe e António, novamente reitero: nunca nos intitulamos detentores da verdade. Apenas emitimos opiniões pessoais falíveis [humanos!?] por puro gozo. Não vejo necessidade de auto-controlo, respondemos apenas. Obrigada pelo enriquecimento literário, através da citação: de facto, não pretendemos converter ninguém mas explicar nossas posições. É certo, que ningúem está erado, como todos temos razão, que tudo pode ser subjectivo e tudo "o mais", possível.


Adenda: «Enquanto eu achava que faltava alguma cor, a Manuela jurava que, na televisão, a construção era maior. Não é de estranhar, pois sabe-se que a televisão engorda uns cinco quilos.» Eu disse: Na t.v parece mais feia; maior, no sentido de desengonçada.
M.Q.

terça-feira, abril 26, 2005

EU GRAMATICO, TU GRAMATICAS...


Depois de termos sido acusadas de várias coisas, chegou a vez da nossa “horrível gramática”. Senhor António, tem a certeza de que quer enveredar por esse caminho? Dar-me-ia uma enorme satisfação!
Começo por esclarecer que a língua materna da Manuela não é o português, logo, ela nunca será a candidata portuguesa ao Nobel da Literatura. De facto, alguns dos textos dela apresentam falhas, mas se eu interviesse, penso que se perderia muita da sua autenticidade e liberdade de expressão. Apesar de eu estar do lado dos linguistas puristas (como verá mais à frente), prefiro ler um texto algo faltoso no campo gramatical, do que algo faltoso no campo das ideias. Sem dúvida nenhuma de que trocaria muitos livros, que são recordistas de vendas, mas que não nos tocam o pensamento, pelo verbo simples e despretensioso da Nela. É, portanto, a velha história do preferir falar com a boca cheia do que com a cabeça vazia.
No que à minha gramática diz respeito, as coisas mudam um pouco de figura. Desafio-o, senhor António, a reler tudo o que escrevi até agora e a tentar encontrar qualquer erro gramatical. Não digo que não o tenha cometido, pois não sou perfeita nem tenho a arrogância mouriniana de afirmar que sou a melhor. Porém, se há aspecto em que seja meticulosa é na gramática. Por isso, incito-o a encontrar algo incorrecto na sintaxe, na semântica e/ou até na pragmática, já que na ortografia estou perfeitamente incólume. Antes de se lançar nessa busca, tenho de lhe perguntar: “Do you feel lucky, today?”
Adorava ver a sua cara, quando lhe dissesse que sou… e que até já… Não, não lho direi. Pode-me questionar: Maria, Maria, quem és tu?, que eu responderei sempre: Ninguém!
Já agora, deixo-lhe aqui um reparo e um conselho. Edite Estrela não é exemplo de nota. A senhora até pode ser formada em Filologia, todavia, em todos os livros que escreveu, encontra-se não poucos erros ortográficos. Se estiver interessado em consultar obras de referência linguística, deixo-lhe aqui alguns nomes maiores, como Celso Cunha, Lindley Cintra ou Joaquim Fonseca. Os meus preferidos são os mais antigos, aqueles que cultivam mesmo até à raiz as letras e que são rigorosíssimos em cada vírgula que colocam. Falo de António Freire, Rodrigo de Sá Nogueira, Leite de Vasconcelos, Rodrigues Lapa ou Serafim da Silva Neto. No entanto, se quiser ver a boa gramática em acção, leia o Padre António Vieira e o meu escritor de estimação, Vergílio Ferreira. Tanto um como o outro são de uma correcção infalível, à qual não será certamente alheio o facto de dominarem o Latim.
Num passo do seu comentário e em resposta a uma série de perguntas indignadas que eu lhe fiz, disse que muito do que tinha escrito era para ser lido ironicamente. Peço desculpa por não ter percebido a ironia e por não ter reparado que, num comentário anterior, já se tinha retratado quanto à polémica do 11 de Setembro. Pronto, pronto, está perdoado. Não se preocupe que o meu lápis azul (essa teve piada!) terá mais cuidado, quando se preparar para rabiscar. Aliás, agora usa-se mais a caneta vermelha. E por falar em corrigir, também não se preocupe com as minhas correcções, porque eu sei distinguir muito bem uma gralha (“sovre”) de um erro (“estreme”), uma vez que, no teclado, o [v] está ao lado do [b], mas o [s] não é vizinho do [x]. Estreme significa puro, genuíno, ao passo que extreme (do verbo extremar), esta a palavra que queria usar, significa levar ao extremo, ser excessivo.
Vamos agora ao que interessa. Quando lhe perguntei se o santo, que citou, não era o mesmo que duvidava da existência da alma na mulher, tratava-se de uma simples pergunta. Li isso num livro que me emprestaram e fiquei curiosa, queria saber se era o tal. Quem foi agora que ficou irritado com assuntos de “lana caprina”? Falou também que eu referi nomes gregos que raramente se usam. Tem toda a razão, a memória dos Homens é muito curta. Se hoje os EUA se podem dar ao luxo de levar a democracia aos mais carenciados, foi porque, algures num passado longínquo, uns quantos gregos esquecidos inventaram a palavra e a ideia de democracia.
Com a minha última frase, chegamos novamente ao nosso pomo da discórdia: os EUA e a guerra. A verdade é que o senhor António ficou todo melindrado com o santo, que não se pronunciou sobre o que era mais importante. Terá sido por falta de argumentos? Então, não me diz nada sobre a mentirinha piedosa das armas de destruição massiva que o senhor Bush nos impingiu? Ou sobre tantos países que também mereciam ser libertos da opressão ditatorial? Parece-me que as questões mais importantes ficaram por debater…
Entretanto, perguntou-me se eu era cristã. Bem, qual é o seu conceito de cristianismo? Se entender que ser cristão é criticar a ordem estabelecida, recusar a violência, nutrir um profundo humanismo e amor pelo próximo (consultei uma enciclopédia e dois catecismos para, desta maneira, definir este –ismo), então, sim, sou cristã. Ainda bem que não me perguntou se era católica. Católica, eu? Zeus me livre!
Para finalizar, sei bem que o senhor António não é Paulo Portas. Estava a mangar consigo! Se fosse aquele político popular, já teria enviado uma fragata virtual para, no caso de “FarpasXXI” se tornar demasiado incomodativo, se preparar para nos lançar um vírus informático!
Sei que vou um pouco atrasada, mas… VIVA O 25 DE ABRIL! VIVA A LIBERDADE!

Maria Ortigão


Exercício gramatical saramagiano *

«Pense, Maria: se a Igreja, alguma vez na sua história, tivesse dito que a mulher não tem alma, acha que perderia tempo a catequizá-la ou admnistrar-lhe os sacramentos?» não era essa a teoria para os habitantes nativos do continente americano e não foi isso que fizeram [já para não falar nos arrepios que tal argumento me faz como se fôssemos animais de gaiolas]
nomes que raramente se usam tem você um vocabulário bastante limitado [e uma cultura geral muito reduzida] eis uma lista a ver se se lhe refresca a memória anarquia oncologia academia ecologia biologia pediatria bibliografia espia romaria taquigrafia fobia ... acha mesmo que com o impacto que a televisão tem com o interesse que o tema suscitou se pode deixar passar em branco uma palavra mal proferida por (re)conhecidos jornalistas que será depois repetida por crianças com formação já de si deficiente e por adultos com pouca escolaridade ter a Edite Estrela como ponto de referência é muito pouco abonatório até agora o seu "dialecto" não foi criticado sequer referido foram vários os comentários onde encontramos erros-não gralhas várias as vezes que suas idéias não foram claramente expostas e não foi atacado por isso voltamos atrás e lemos já você de forma infantil em vez de aproveitar as objeções da Maria tripudia
neste tempo todo a única verdade é que não consegue responder ao que se lhe pergunta não fundamenta as suas objeções em relação a nós deturpa nossas palavras arrancando do nosso teclado aquelas que não escrevemos pense quantas vezes nós o fizemos em relação a si apenas discordamos por exemplo a Maria não meteu a igreja ao barulho apenas referiu o santo que anteriormente você tinha citado quem é que fez de Prima-Donna ofendida não foi objectivo resolveu atacar(nos) com um anti-clericalismo
M.Q.

* Coloque as vírgulas e demais sinais ortográficos você mesmo.

sexta-feira, abril 22, 2005

Eis as palavras que não soube escrever, a ideia que não soube expressar *

" Sermos capazes de admitir que, se a humanidade evoluiu, então defender a «vida» é forçosamente diferente de defender a «existência». Não podemos conceber que ser (estar) vivo, hoje, constitua o mero contrário de estar morto. Viver não se resume a estar cá; ser e circunstância são um todo indissociável; só nesse sentido se pode dizer que alguém está «vivo». «Dignidade» é outra palavra que não se pode dissociar do conceito de vida. Viver é existir «em» diginidade. "

Vasco Prazeres, médico; "Existir ou... viver?", in Notícias Magazine, 17 de abril de 2005.

*E respectiva contextualização.
M.Q.

quarta-feira, abril 20, 2005

Ainda Concordando

a) Portugal pode ser um pequeno país; não pode sobreviver sozinho, de facto, nas condições actuais. Mas há por aí, na Europa, a prova de que a área não é limitação. Não sou contra a Europa. [Por enquanto].
b) Seu último ponto, não tem validade; não se contradiz, penso que faz alusão a aquilo que poderiam ser prioridades. Dotado como é, sabe que não se é contra os produtos americanos e chineses pelo simples facto de o serem, mas pelas suas qualidades ou pelo meio como foi obtido. Transgénicos! Não se sabe (mesmo com estudos), implicações futuras (décadas, séculos: se tiverem influência no nosso código genético) na saúde! É claro, que seria melhor se pudessemos resolver a fome que assola as populações; mas estive a pensar, e sendo nós humanos, organismo em desenvolvimento contínuo, com forte capacidade de adaptação parece arriscado... subconsciente católico? Talvez! Acaso, se sente à vontade para apartir de agora se alimentar unicamente desses produtos?! Ou passar a incluí-los na sua dieta, para não ser acusada de extremista.
O que é que não entendeu de trabalho forçado? Mulheres (e homens) em condições infra-humanas, crianças esploradas... é preciso não comprar! Assim como, num campo diferente, deveriamos preferir os produtos portugueses aos espanhois, por exemplo. Vejam as etiquetas! As próprias lojas sob a alçada da entidade competente, deveriam promove-los. Não é anti-castelhanismo, é simplesmente apoiar o produto nacional, uma pequena acção cívica.
M.Q.

terça-feira, abril 19, 2005

PONTAPÉS NA GRAMÁTICA E NÃO SÓ VII


1. Durante as transmissões especiais, que acompanharam as derradeiras horas de vida do Papa João Paulo II, um jornalista da RTP não parava de dizer que o chefe da Igreja Católica estava a sofrer de uma “septicémia”.

Comentário: O sufixo –ia, de origem grega, tanto pode ser átono como tónico. Há uma série de regras linguísticas que determinam a tonicidade das palavras.
No caso apresentado, a regra diz que –ia é tónico, quando designa doença ou moléstia. Assim, deve-se dizer septicemia e não “septicémia” (coloco o acento para mostrar que a sílaba tónica é a errada), uma vez que a palavra significa etimologicamente sangue corrompido, o mesmo é dizer que é a doença que consiste numa infecção sanguínea geral.
Mais uma vez, fico arrepiada, quando ouço jornalistas, ou seja, profissionais que têm a obrigação de dominar bem o português, cometendo calinadas deste calibre!

2. No “Praça da Alegria”, Jorge Gabriel pergunta a uma avó o que ela costuma comer na Sexta-Feira Santa. Responde a avó:
“ – Ao almoço como bacalhau e ao jantar peixe!”

Comentário: Ah, o bacalhau! Esse mamífero que pasta nas terras altas da Noruega, cujo nome científico é “bacaliauensis ruminensis”.

3. Insigne professor de Literatura Portuguesa da Faculdade de Letras do Porto pergunta a uma aluna:
“ – Sabe de onde era Pêro Vaz de Caminha?”
Resposta:
“ – Caminha!”

Comentário: Esta lógica só funciona com nomes como Erasmo de Roterdão ou Leonardo da Vinci. O Pêro é portuense, carago!


4. Comentador desportivo, seguindo uma partida de ténis:
“ – Neste momento, o jogador deve estar a pensar em… tudo pode passar pela sua cabeça!”

Comentário: Será que está a pensar no comentador que não acerta uma?


Maria Ortigão

O COISO DA MÚSICA


Finalmente, a Casa da Música está pronta a dar-nos música. A verdade é que, ainda antes de estar concluída, já se tinha escutado alguma música, na sua maioria, algo desafinada! Mas o que lá vai, lá vai e a cultura saiu beneficiada da longa sinfonia que foi a construção daquele edifício.
No último fim-de-semana, a Manuela e eu fomos visitá-lo. Chegámos à conclusão de que está giro, está interessante e todos os adjectivos que se costuma enunciar, quando se apanha um balde de água fria. Enquanto eu achava que faltava alguma cor, a Manuela jurava que, na televisão, a construção era maior. Não é de estranhar, pois sabe-se que a televisão engorda uns cinco quilos.
O pátio envolvente foi coberto com umas lajes de pedra anti-derrapante de cor castanho-escuro. Como era de noite, eu até pensei que aquilo era madeira! A minha afirmação despertou protestos, pois quem seria maluco o suficiente para pôr madeira cá fora? No entanto, construíram a Casa da Música, não foi? Fiquei logo bastante desanimada, porque me estragaram uma piada: ao olhar para o chão, reparei que a madeira (afinal, pedra) já tinha uns buraquinhos, pelo que me preparava para dizer que, como a Casa da Música demorou tanto tempo a nascer, o bicho da madeira tinha entrado em acção. Fica a intenção piadética!
No entanto, a melhor parte é que o pátio termina, em toda a volta, com lombas ou pequenos montes, que, na realidade, não são assim tão pequenos e dão uma trabalheira subir. Posso afirmar que, no futuro, estas elevações no terreno farão as delícias dos amantes de “skate” e de patins em linha, ao mesmo tempo que irritarão os idosos e os deficientes motores. A não ser que haja algum intrépido que se atreva a fazer deslizamento livre em cadeira de rodas. E muita criancinha vai ficar com a cabeça rachada.
Para quem ainda não se apercebeu da arquitectura, imaginem que um meteorito (Casa da Música) caiu na Boavista e deixou uma cratera com os respectivos bordos.
O mais engraçado é que, daqui a cem anos, todos irão aplaudir a inovação arquitectónica, tal como nós aplaudimos construções de há cem anos atrás!

Maria Ortigão


A PALAVRA PROIBIDA


Ao ler os últimos comentários (até ao dia 15 de Abril) do senhor António, senti-me um verdadeiro calhau com olhos de tão estupidificada que estava. O senhor tem um sério problema de interpretação textual. Note que, quando escrevo os meus textos, faço-o pelo simples prazer de escrever, não resistindo a deixar uns pequenos apontamentos de humor. Pois é, longe de mim gastar a minha pena, discutindo ideologias e outros –ismos, pois prefiro discutir acções, colocando-me no meu lugar de simples cidadã e de habitante da Terra, que almeja por um mundo melhor.
Portanto, não tendo pretensões a poetisa de cariz abstracto ou simbólico, as minhas farpas não transmitem mensagens subliminares. Fiquei muito preocupada com as suas conclusões, tanto que cheguei a ler tudo o que escrevi, no “blog”, de trás para a frente, para saber se eu era um indivíduo perigoso! Mas não. Como lhe digo, sou muito terra-a-terra, por isso, se quiser discutir filosofias idiológico-políticas, dirija-se ao vizinho “Abrupto” e entenda-se com Pacheco Pereira.
Tudo isto, para lhe perguntar onde estão, nos meus escritos, as ideias marxistas, leninistas, estalinistas e sabe-se lá mais o quê? E que estupidez foi essa de sugerir que eu seria contra a luta ao nazismo? Ou de insinuar que a Manuela teria dito que os EUA mereciam o 11 de Setembro? Como consegue deturpar de maneira tão infame, diria até insultuosa, as nossas palavras? E em que parte do meu texto eu disse que a culpa de todas as misérias do Continente-Mãe é dos Europeus e Americanos? Se acha que os meus argumentos são simplórios, nem imagina o que eu penso dos seus! Ocorre-me uma palavra, mas… seria a palavra proibida!!!
Sinceramente, tenho-o em muito boa conta, adoro esta troca de argumentos, é bastante saudável e o António já provou, mais do que uma vez, que é uma pessoa inteligente e, por isso leio, com bastante interesse, o que escreve, estando-lhe grata por gastar o seu tempo no nosso “blog”. Não é de estranhar, então, que mais do que chateada, fico magoada ao ler as barbaridades que escreveu.
É óbvio que fui a favor da intervenção dos EUA no Koweit, quando foi invadido pelo Iraque; é óbvio que, não havendo outra solução, se deva recorrer às armas, sobretudo, quando vidas inocentes estão em risco ou quando ditadores ameaçam as liberdades humanas em nome de pretensões mesquinhas e inenarráveis. Seria a primeira a aplaudir Bush, quando tal acontecesse. Agora, ter a veleidade de mentir ao mundo inteiro, dizendo que havia armas de destruição massiva debaixo da cama de Saddam… E, como, quando lá foram espreitar, só encontraram o seu penico, veio a desculpa esfarrapada de que o ditador tinha de ser travado, em nome da democracia. Acho muito bem que se acabem com ditaduras, mas, apesar de o mundo ser pequeno, ainda há muitos países que gostariam de ser libertados. Onde está, então, o bom samaritano do tio Sam?
Mia Couto disse que a única arma de destruição massiva era o poder do pensamento e que essa, sim, deveria ser espoletada. Por falar em citações, à de Erasmo de Roterdão respondeu-me com uma de um santo. Corrija-me se estiver errada, todavia não foi esse homem santo ou santo homem que andou muito entretido a tentar descobrir, aproveitando alguns escritos de Aristóteles, se a mulher tinha alma ou não?
Aliás, quando estava a ler o seu texto e cheguei a essa parte, “fiat lux” repentinamente na minha cabeça! Transcrevo de seguida os meus pensamentos: “Tu queres ver que o Tony é, nada mais, nada menos que o Paulo Portas! Se calhar, nas suas férias pelo Dobai, andava a navegar na ‘internet’ e… pimbas… viu-nos a falar mal do Bush e toca a replicar-nos! A bem dizer, ele só nomeou um santo, pois que se tivesse falado na Virgem, aí, não haveria dúvidas nenhumas!”
(Nota ao último parágrafo: António, foi uma piada, espero que se tenha divertido e não levado a mal. Garanto-lhe que não há nenhuma ideologia escondida, não precisa de andar à procura do Wally… quer dizer, do –ismo. Será que lhe arranquei um sorriso?)
Depois deste momento de tréguas, vamos lá continuar a farpear! Não me importo nada se o senhor António “apelidar Francisco Louçã de pregador de meia-tigela ou a filosofia marxista-leninista de trágica palhaçada.” Faça o que quiser, já lhe disse que há excessos em todos os lados e idiotas também e certamente que o líder do BE não foge à regra. Devo até dizer que Louçã tem também a sua parte de escorregadelas e não serei eu a estender-lhe a mão para se levantar. Nota-se que, às vezes, a ganza lhe sobe um bocadinho à cabeça.
E também não me importo nada com o que me chamam, porque sei muito bem do que sou capaz e do que não sou. O que não dispenso é que qualquer afirmação venha desprovida de bons argumentos. Se há algumas partes do seu discurso que me fazem reflectir e que eu levo em linha de conta, outros há que me deixam os cabelos em pé, como se de uma manhã de nevoeiro se tratasse. Por exemplo, “a pena de morte, nos EUA, não é uma questão central”. Curiosamente, com esta frase acabou de dar razão a muito do que eu tenho escrito. Pessoalmente, espero que, no seu coração, a pena de morte seja uma das questões centrais.
Para finalizar, gostaria de saber se viu o programa “Por outro Lado”, em que foi entrevistado o embaixador colombiano em Portugal, Plínio Apuleyo Mendonza. Se não viu, ficou sem saber que aquele senhor, juntamente com Carlos Alberto Montaner e Álvaro Vargas Llosa, escreveu o livro “Manual do Perfeito Idiota”. Trata-se de uma caricatura aos políticos sul-americanos e suas incoerências, mas, tal como o próprio afirmou, as características apontadas servem para qualquer estadista menos dotado. Como vê, “não, não sou a única… eu não sou a única…”
Pessoal conhecido que me está a ler, aqui fica uma óptima sugestão para um presente de aniversário!

Maria Ortigão



Concordo- Atenção

Procurem uma revista Grande Reportagem nº 223 e leiam a crónica de José Manuel Barata-Feyo. Só vou reproduzir aqui aquilo que sintetiza magnificamente o meu conceito de política (serviço). Pronto vou colocar o paragrafo (quase todo) e alguns comentários:
"Qual é a legitimidade dos trinta mil eurocratas [sim, leram bem! Ah, máquina] para decretar com que leite fazemos o queijo, que algumas gorduras vegetais são «chocolate» [aqui devo achar bem] ou, cúmulo do rídiculo, proibir as tábuas e as colheres de pau nas cozinhas [búúú], porque devem ser de plástico, «como é a cabeça deles»? «Trop, c'est trop!». Pelo andar da carruagem, «vão c...-nos uma directiva para a casa de banho e outra para as posições " comunitariamente corectas" na cama» [isso não!]... Bruxelas faria melhor se voltasse a sua força contra a invasão crescente dos produtos transgénicos dos Estados Unidos e os do trabalho forçado na China. (...)".
M. Q.

Provocando e mais

Ora apetece-me responder: -Fique lá com a N. Kidman que eu fico com o mau-humarado S. Penn, deal?
Ou então: «...tão de esquerda...» e que culpa tem a moça de o realizador não filmar a direita ou do seu "melhor lado" ser o esquerdo?!
Mas, a verdadeira provocação: Se cristo se sentou à direita do pai, isso quer dizer que deus-himself- tá na esquerda! O lado certo é o esquerdo!*
*Desculpas à quem já conhecia a minha piada, fiz a troca do verbo ser pelo estar para evitar réplicas.
América não é o mundo, não se esqueçam. Mais, os Estados Unidos da América! Até se toma a parte pelo todo: o país pelo Continente!
Quanto ao texto só posso dizer, que gostei muito da Caverna.
M. Q.

A música, os telemóveis e a música destes

Ainda sobre este assunto, tenho umas sugestões a fazer:
1.- Os locáis de cultura podem ser apetrechados com algum sistema que impeça os telemóveis de terem rede, e asim, receberem chamadas, pois está visto que não conseguem desligá-los.
2.- Um outro sistema-radares..., que localize o prevaricador e o obrigue a desligar o telemóvel (também lho podemos retirar! - estilo 2º ciclo com as bolas de futebol) ou então, a retirar-se.
3.- À falta do tal sistema anterior, por falta de verba, obviamente, podemos a desempenhar o papel de "bufos" e fazer queixa aos responsáveis pela sala.
4.- Ou então, o que mais me agrada, um sistema de cadeira auto-ejectáveis, aquando do primeiro "toque"! É claro, que este sistema acarreta um pequeno señao, obras nos tais locáis de cultura para a colocação de um tecto de abrir... isso, ou passar a distribuir capacetes à entrada.
M. Q.

Mais bancos e menos sossego

Vou aproveitar o assunto e manifestar o meu desagrado por uns bancos de plástico verde (tipo caixote do lixo) que foram plantados nos largos das igrejas. Mesmo que estes sejam (pseudo-)ergonómicos, não se justifica esse contraste com a bela da calçada portuguesa.
M. Q.

quinta-feira, abril 14, 2005

Do Filipe

«Uma sugestão: parece que o projecto do Siza para a nova Avenida dos Aliados elimina em grande o verde. Alguns blogues (ex: "A Baixa do Porto") têm debatido a questão, bem como, outro exemplo, os banquinhos que o pós-modernismo foi semeando pelos jardins do Porto, e que são tudo menos confortáveis. « (...) É doloroso e patético ver na Cordoaria os aposentados exercendo o seu direito ao lazer e ao convívio, jogando cartas em posições incríveis, de lado, a três quartos, a cavalo, de pé ou acocorados nos abomináveis bancos de pedra que o pós-modernismo impôs urbi et orbi para suplício dos desgraçados que ainda usam a cidade. Uma vergonha. (...)» Helder Pacheco in "Requalificação Urbana" (JN, 28-10-04)Que acham disto? Parece que não é só o cinema moderna que cria confusões»
M&M.

quarta-feira, abril 13, 2005

Ao Filipe

Faça o favor de me esclarecer em que circunstâncias o pianista se levantou, e se voltou? Eu passava-me se tivesse pago um balúrdio (porque é esse o preço -da maioria- da cultura e dos espectáculos)- e não houvesse show. Preocupações à parte, adorei a situação! Por aquilo que nos tem acontecido em todos os lugares onde vamos, haveriam sempre interrupções.
M.Q.

"Últimos cartuchos"

Pena que, afinal, não consiga separar o trigo do joio!
«Manuela Queirós, à boa maneira dos videntes e profetas, sabe todas as intenções ocultas dos americanos. Uhhhh!» [Gostei!] -E você, não consegue ler nas entrelinhas? Não consegue imaginar mal nas políticas discutidas...?!
«A hipocrisia, depois do bom senso, como dizia o outro, é talvez a coisa do mundo mais bem distribuída: Católicos, marxistas, bloquistas, blogistas, liberais, ateus... não se livram dela.» - Consegue fazer melhor. Se me dissesse que é util à convivência em sociedade... e mesmo assim, acho que a confundimo(s) com educação, respeito pelo outro, delicadeza....
1) Eu tenho uma foto com o Pai Natal!!! [E gosto de acreditar que tais coisas até poderiam existir.] Filme favorito? Mary Poppins. -Já agora se souber alguma coisa sobre o Mullholand drive, não se acanhe. Já que nos preparamos para vê-lo pela 3ª vez!
2) Em último caso, seria com um exército (à falta de agentes secretos competentes). Exercitos que existiam, ainda existem e, se me chamassem a votar diria não!
Curiosidade, ate onde chegamos, de onde nos escreve?
Continue a enriquecer-nos com a sua participação.
Bem haja.
M.Q.

Retaliando

«Pior que esse argumento, só insinuar que os americanos mereceram o 11 de Setembro, porque são metedições e aquilo dos aviões foi muito bem feito!» Eu não disse isso! Seria incapaz! Não há nada nas minhas linhas que o dê a entender. [Será o seu sub-consciente a falar?!] Mas, esclareço: «direito de resposta» por parte dos americanos-guerra do Afganistão.
Já dissemos que o dinheiro dado a "causas nobres" é sempre bem-vindo. Maior contribuinte? Continue assim. Mas isso é tudo "estratégia", limpeza de imagem e até boa fé.
Exércitos: sou contra a existência deles! Há uns tempos admiti a existência única de uma força mundial direcionados não só para manter a paz (Capacetes Azuis) mas, para intervir, visto que há sempre um idiota pronto a conquistar a terra do vizinho ou exterminar uma etnia.
Os católicos actuais [apesar de toda a hipocrisia -de uma parte] merecem respeito. Sou contra a instituição em si- enquanto organização politico-social. Com quanto contribui a igreja católica?
Faço ar?! Sou contra a opressão, venha ela de que lado vier!
Eu não defendo uma «guerra preventiva»! Faltou especificar uma atitude diplomática. Ou em último caso a tal intervenção cirúrgica. Mas isso nunca saberemos, pois não?
M.Q.

Vida

Para todos aqueles que têm "receio" das agulhas mas que se submetem aos dolorosos tratamentos dentários: vão até ao hospital da vossa cidade e doem sangue. Não custa mesmo nada! Mais, dirijam-se ao centro de histocompatibilidade da sua zona (Norte, Centro ou Sul) dêem 3 tubinhos de sangue e candidatem-se a dadores de Medula. Podem salvar uma vida.

www.chsul.pt
M&M.

"Fogo" cruzado (ora bolas que me faltou o titulo.Uma pérola!)

Leio «pacifismo extremo» e penso: pacifismo (simplesmente); espera aí, pacifismo não. Antiguerrismo! Não hipótese de concordarmos quanto ao Iraque. Não é justa! Não, ao "Eixo de mal".
Já pensou que se a América não fosse tão "metediça" muito de tudo isto não se teria passado?! E que quanto invasor pode ser considerada como parte de um eixo similar?! Esses países do Médio-Oriente não estão prontos começar uma democracia. Pré-conceito, paternalismo? A democracia tem que nascer de um processo de amadurecimento. E, os perigos que essas "democratizações" acarretam para os outros paises?
É claro que era preciso deter o avanço do nazismo (que escrevo com minúscula, propositadamente). E sabia você, que se os "Aliados" tivessem tomado uma atitude mais firme e mais cedo, o Holocausto (como o conhecemos) poderia ter sido evitado? Se eles não tivessem aguardado "pacientemente" que, no fim de mais uma invasão, os apetites ficassem saciados. Grande desilusão!
Se me deixar ser chata, Não há guerras justas! E as guerras são sempre contra a vida. São, é certo, um caminho rápido, que usamos frequentemente, mas que de facto deveriamos erradicar.
Eu continuo a achar contraditório (eutanásia-guerra). No aborto: é certo que um embrião é vida no sentido celular, mas confesso que me é mais fácil aceitar um aborto ao sofrimento de uma criança que vê a sua família e aldeia destruida (talvez um ponto de vista tendencioso). E a legalização tem de servir para evitar uma aspiração brutal esquartejante.
Acho injusto que diga que não apontariamos as incoerências dos outros. Até descabido, não se sinta ofendido. Mas justiça é um valor que prezo muito. Ainda bem que reconhece a sua incapacidade de separar o trigo do joio. (Gostei do «cavernícola»). Quer saber, não poderia pertencer a um PCP enquanto organização estanque que puniu alguns dos seus elementos. Assim como achamos ridículo o "argumento paternalista" de F. Louçã contra P. Portas.
Educação: para o respeito, para os Direitos Humanos, para o cooperativismo (que nada tem a ver com os princípios de esquerda) mas com a interação entre a escola, o posto de saúde e a junta de freguesia... para responsabilizar o indivíduo enquanto cidadão e torná-lo consciente dos seus direitos e deveres. Se calhar, o que falta as elites é "trabalho de campo". O argumento dos livros não acho válido, porque, o que importa não é a correção gramátical mas o conteúdo livre de violência e desigualdades.
A educação tem de funcionar como vínculo social. De acordo que o Homem não é todo igual, e que pode ser maléfica a igualdade. Mas isto também serve para replicar a "democratização" E já lhe disse que sou contra os horrores do "regime", mas o que fazer?! I'm a dreamer!

P.S.: Obrigada pelo reconhecimento artístico.


E ainda:
Certo que a pena de morte -argumento que já usei- é federal; mas ele não a aboliu e (ou) até aplicou;
Não tomaram o Iraque em 1991 porque não conseguiram!? 11 de Setembro? Já declinei o eixo do mal, o Afganistão não é Iraque. Já dei legitimidade ao sentimento de vingança ou acto de resposta. Iraque, por uma atitude de afirmação e vingança já que o pai não consegui. Armas biológicas-químicas grande mentira e foi essa "a" razão para a invasão. Empresas europeias também são oportunistas. Petróleo, sim! Assim que, Chavez-presindente da "República Bolivariana" de Venezuela,lhe cortar o forneciento e deixar de estar nas graças do povo, ele ataca esse esquerdista demagogo. América: passai a usar mais energias renováveis: solar, eólica...e deixem os Jeep's na garagem. A igreja (católica) não é santa "que se cheire": Cruzadas: invasões justificadas através da difusão da mensagem, que aumentou o seu poderio e riqueza.
África: A culpa é sim, em grande parte do Colonizador, que não os preparou, que os usou e lhe deu maus exemplos de administração que os "naturais" que ocupam cargos elevados perpetuam ate hoje, entre outras razões socio-culturais próprias do continente africano. E mesmo, que não seja, de facto, a Europa não tem ajudado o seu irmão do meio a desenvolver-se. Mas naturalmente sou contra a violência que significou retornar à Metrópole, deixando toda uma, várias vidas (e propriedades). Pessoas que amam África e até hoje sonham com elas, assim como os problemas que os fazendeiros brancos enfrenta(ra)m recentemente. Culpado é, quem tem a possibilidade de intervir e fica à espera de melhores dividendos. «Protecionismo europeu?!» Faz-me lembrar que P. Portas quis-nos proteger do desemprego fechando as fronteiras aos emigrantes do Leste que querem trabalhar... Sim. já sei que há máfias. Sou contra esses subsídios! Do "rendimento mínimo", no nosso caso. E aprovei aquela idéia- da Direita em campanha- de que essas pessoas deveriam contribuir com algum trabalho nas freguesias em vez de ficar em casa fazendo "nada". -Da esplanada que frequento no domingo à tarde a praia parece uma mini-lixeira.

Medicamentos: Naturalmente que se vou à farmácia é porque preciso; mas que apliquem então "a taxa" de acordo com o pedido do cliente. Mas, a mim, parece-me que qualquer pessoa tem o direito de ir buscar uma escova de dentes às 3h da manhã! E se precisar realmente da escova, porque chegou à cidade e deixou a dele em casa...? Se puserem um técnico no supermercado, porreiro! menos um desempregado talvez! (Embora essa área parece não sofrer). Se não, já disse, pode ser que as pessoas passem a ler as recomendações e aumenta-se o nível cultural, ou... Se o Zé de Bragança tiver razão e os medicamnetos no supermercado for uma cedência a outros lobbies económicos acho degradante. Mas, desde que seja mais barato... Leave my money alone!
M.Q.

terça-feira, abril 12, 2005

HÁ COISAS QUE SÓ DEVEM ACONTECER EM PORTUGAL

1. Quando o telemóvel toca…
A freguesia de Gulpilhares do concelho de Vila Nova de Gaia, todos os anos, organiza um encontro de teatro amador. Tem sido assim, desde há sete anos. Durante todos os sábados e alguns feriados dos meses de Abril e Maio, sobem ao palco grupos de pessoas que amam (é esse o sentido etimológico da palavra amador) o teatro.
Estas companhias de teatro são compostas por pessoas comuns, que trabalham e que decidiram “sacrificar” os seus tempos livres a decorar falas por amor à arte, recebendo apenas em troca o calor dos aplausos.
Sendo eu uma “amadora” de teatro, nunca poderia perder estes espectáculos, muito menos quando são grátis. Note-se também que, apesar dos poucos meios que estes grupos teatrais dispõem, tenho sido brindada com não poucas brilhantes actuações e encenações, muitas de clássicos da dramaturgia mundial.
Lá estávamos eu e a Manuela a assistir à primeira peça, quando um toque de telemóvel, ainda por cima, uma daquelas músicas maricas que por aí andam, interrompe a concentração da plateia e a dos actores, pois certamente deve ser uma das coisas mais irritantes para quem está a tentar dar o seu melhor.
Todavia, o pior ainda estava por acontecer. Não só o telemóvel não parava de tocar, como a dona de tal bichinho ruidoso resolve atender! Enquanto se levantava e saía da sala de espectáculos, tivemos de ouvir a chamada telefónica.
O pior é que, pouco depois, reparei que um senhor, sentado na fila em frente à minha, estava sempre a bichanar e, olhando melhor, descobri que também atendia um telefonema!
Mas pior pior, foi que, no sábado seguinte, tamanha barbaridade voltou a acontecer, pois uma senhora de provecta idade não só atendeu o telemóvel, que não parava de tocar, como se deu ao luxo de falar alto e, nem com os protestos dos outros espectadores, se coibiu de desejar uns ruidosos “beijinhos à família”!!!
Os momentos que acabei de descrever eram dignos de, à semelhança de um desenho animado, cair um piano em cima de tão grandes cabeças ocas. Ou também podia acontecer como no anúncio publicitário e o meu indicador ganhasse poderes mágicos e a meu bel-prazer cosesse aquelas matracas. Enfim, estas pessoas deviam ser proibidas de usar telemóvel, sob pena de pesada coima. É uma falta de respeito por quem assiste, mas em especial por quem actua.
Curiosamente, já levei jovens ao teatro que, durante a peça, demonstraram um comportamento irrepreensível, muito diferente do destes “adultos responsáveis”!


2. Quando o telemóvel toca… e a saga continua!
Gostava de saber o que o código da estrada diz sobre o uso de telemóveis. É claro que o binómio telemóvel-veículo motorizado é proibido. Mas e se for num veículo não motorizado? Digamos uma bicicleta? Pensava eu que já era difícil estar agarrada ao volante e ao telemóvel ao mesmo tempo, logo, impossível fazê-lo agarrada a um guiador. A pensar, a pensar…
A verdade é que os portugueses são muito engenhosos e parece que as artes circenses são uma tradição lusa! As nossas habilidades estão para além dos “robots” que jogam futebol ou de perder com a Grécia no final do Euro2004!
Estava eu à espera de um transporte público, quando ouvi um daqueles muito característicos toques de mensagem recebida. Não era o meu, mas era o de um senhor que se aproximava, pedalando afoitamente. Com uma acrobacia digna do “Circo Chen”, tirou o telemóvel da mochila, que levava às costas, e leu a mensagem, sem nunca parar de pedalar. Por esta altura, já eu tinha aberto uma banquinha de apostas: iria o telemóvel despedaçar-se no chão?; demoraria muito a que o estóico ciclista caísse, pois ziguezagueva constantemente no meio da rua?; ou seria atropelado por um automóvel? No entanto, é bem verdade quando se diz que a sorte protege os audazes! Não lhe aconteceu nada, mas, pelo menos, conscientemente ou não, lá acabou por parar para responder à mensagem.
Apesar de tudo ter corrido bem, caros leitores, não experimentem isto nas vossas bicicletas.
Entretanto, era bom que se propusesse uma nova alínea ao código!

Maria Ortigão



O MELHOR DO MUNDO SÃO AS CRIANÇAS


Uma vez por mês, almoço com um grupo de crianças que é muito especial para mim. Durante o repasto, temos por hábito recordar os bons velhos tempos, analisar o conturbado presente e fazer planos para um futuro melhor. Tudo entrecortado por sinceras gargalhadas e momentos inesquecíveis.
No último almoço, fiquei ao lado de um rapaz que tem a fama e o proveito de ser o mais baixinho do grupo, com todas as consequências inerentes a este “pequeno” pormenor. Foi, então, que ao lançar um olhar mais atento, reparei que o menino já se estava a transformar num homenzinho, pois tinha um daqueles bigoditos pré-adolescentes. Não resisti ao encanto daquelas pilosidades e disse-lhe:
— Já estás a ficar um homem! Tens aí um grande bigode!
Ao que ele replicou, muito calmamente:
— Se acha que o meu bigode é grande, devia ver o da “stora” de Físico-Química!

Maria Ortigão

AOS AMIGOS LEITORES

Devido a vicissitudes várias, ausentei-me do “blog” durante alguns dias. Infelizmente, parece que escolhi o pior momento para tirar umas pequenas férias, uma vez que “Farpas XXI” recebeu uma lufada de ar fresco, graças aos comentários que foram feitos aos nossos textos. Foi com uma alegria imensa que li que éramos lidas e (esta é a melhor parte) criámos polémica, demos azo a reacções.
A Cristina e o Filipe são velhos amigos, conhecem-nos bem e sabem do que a casa gasta. Mas não é por isso que os comentários deles são menos importantes, muito pelo contrário. Agora, o senhor António Ribeiro… uma pessoa que não conhecemos perdeu algum do seu tempo a ler-nos e a escrever-nos… Nós que pensávamos que só éramos lidas por meia dúzia de pessoas e, provavelmente, já estou a exagerar no número… Conseguimos chamar a atenção de alguém que nos é exterior!!! Trata-se de uma pequena vitória e espero que o senhor António Ribeiro tropece em nós mais vezes, mas com cuidado, porque não queremos que caia!
Amigo António, escreva-nos sempre que quiser, deixe-nos os seus comentários, os seus elogios, os seus reparos, os seus elogios, as suas críticas… sem esquecer obviamente os seus elogios!
Escrevendo mais a sério, para mim é importantíssimo saber como os meus textos são recebidos, não me importo nada com as críticas, pois só me dão mais ânimo para continuar e gosto de conhecer diferentes pontos de vista, respeitando-os sempre. Por isso, permita-me que responda ao seu comentário, procurando fazer deste espaço um lugar saudável de debate, com a vantagem de não haver limite de tempo e de não termos luzinhas a acender.
No seu texto, diz que não acha bem que eu, não tendo uma opinião formada sobre um assunto tão melindroso como a eutanásia, me ponha a discordar da opinião do presidente dos EUA nesta matéria. Ora, ou o senhor leu mal a minha farpa e não a compreendeu de todo ou fui eu que a escrevi mal. De qualquer das maneiras, inclino-me mais para a segunda hipótese, já que se o texto estivesse bem escrito, determinadas dúvidas não seriam levantadas. Pelo que, sucintamente, expor-lhe-ei a minha opinião. A farpa “Don’t wanna be an american idiot” não visa discutir a legitimidade ou não da eutanásia (nada, no texto, o sugere), visa sim mostrar como o homem mais poderoso do mundo, que tem uma atitude belicista e arrogante para com a vida do próximo (por exemplo, ainda há pena de morte nos EUA), vem, de repente, erguer o bastião da defesa da vida. Senhor António, se há alguma incoerência no meu texto, não foi fabricada pela minha pena, mas sim por mais uma intervenção desastrosa de Bush.
Noutra parte do seu comentário, insurge-se contra o facto de eu ter epitetado Bush de idiota. Aviso-o já que é meu hábito (talvez qualidade, talvez defeito) de chamar os bois pelos nomes. E certamente que não é por aquele homem ser o presidente do país mais influente do mundo que deixa de ser o idiota que tem sido até agora! Digo-o eu… e alguns milhões de pessoas por este planeta fora!
Escreve, ainda, que é de direita. Pergunto eu: Só porque o senhor simpatiza mais com os partidos conservadores tem obrigatoriamente de aturar as suas maluqueiras? Eu sou de esquerda e não o faço! Aliás, tenho constantemente o cuidado de manter uma postura imparcial e, se ler todas as minhas farpas, verá que distribuo críticas em todas as direcções. Convenhamos que apoiar incondicionalmente as propostas mais estapafúrdias só porque se é de um determinado partido é uma atitude muito redutora.
O que não posso é ficar calada é nunca o farei, enquanto pessoas com responsabilidades acrescidas como o presidente americano e outros que tais preferirem a guerra e a destruição a uma postura pacífica e de fraternidade. Já dizia o humanista Erasmo de Roterdão que “mais vale uma paz precária do que a guerra.”
Sabia, senhor António, que o dinheiro que os EUA estão a gastar na guerra dava para alimentar e vacinar muitas crianças que todos os dias morrem em condições infra-humanas, sobretudo em África? Parece que este continente não tem muito petróleo… Por que motivo Bush não faz guerra à fome, à ignorância, à corrupção, à intolerância? Se o fizesse e, através do seu exemplo arrastasse outros grandes países, talvez não houvesse ditadores para depor, terroristas para deter e tanto egoísmo no mundo. Sei que me vai responder, dizendo que este é um discurso de candidata a “Miss Mundo” (sou baixa de mais e nem vale a pena falar nas minhas ancas) e que estou a desejar uma utopia, mas enquanto se continuar a escolher o caminho mais fácil, nunca saberemos se a utopia poderá ser, algum dia, realidade.
Para finalizar, senhor António, como disse no início, foi com grande alegria que li os seus comentários e até gosto do facto de termos perspectivas diferentes, o que me permite debater e trocar argumentos, actividade que muito aprecio, porque muito me enriquece enquanto pessoa. Continue a ler-nos, a escrever-nos, a criticar-nos e… vá lá, um elogio também sabe bem!...

Maria Ortigão

segunda-feira, abril 11, 2005

Res-post-a

Leio e respondo:
Não há em nós anti-americanismo! O que se critica é a incoerência. Se outro país, o X, estivesse em conflito bélico e depois condenasse a eutanásia com o argumento pró-vida, o presidente desse país seria o X Idiot.
Pró-vida? Não insistem eles em manter/praticar a pena de morte?! É claro que sei que as incoerências não são só na América. Mas, são (e outras) as que chegam até nós. (Contrapartida do poderio américano?; assim como as figuras públicas, vêem, a sua política discutida). Fique sabendo que a "burka" e a condição feminina no "Médio Oriente" aflige-me de igual modo, assim como, as atrocidades cometidas pelo "governo" de Saddam ou a falta de coletes anti-bala que poderia ter salvo a vida dos agentes portugueses.
Leia assim, e estará a ler mal. É de incoerências que se trata; não de atacar o Presidente dos E.U.A por sê-lo, mas pelas suas atitudes, e nunca os americanos!

Imagino...
«"farpas xxi" se declara pelo "sim". Imagine que alguém, em tom jocoso, diria algo como: "farpas xxi" apoia a liberalização do aborto, e "farpas xxi" é pela vida!»
Primeira resposta/reacção?!: Mas vida é também a da mãe! Não só o acto de nascer. Ter uma existência proporcionada por afecto e conforto material (não luxo!)- e esta parte é muito discutível, afinal, os "pobres" não andam pr'aí a reinvindicar o direito a a terem sido abortados; lutam!- Há sempre a adopção, é certo. Sou a favor! ( Sou a favor que cada um faça o que lhe apetece! Respeitando Liberdade(s) Individuai(s) )
Chamar idiota a um Presidente? Insultar uma pessoa será sempre uma falta de respeito. Não considero grave? Culpada de banalização devo ser.
Acha mesmo que se democratiza "a punta de balas"? Exportável, sim! Prefiro a Educação. Você sabe, (agora responda você con sinceridade!) que todo esse dinheiro seria mais bem empreguado pela via da instrução/ educação. (Até seria mais barato!) Demorará gerações!...
Farta de ler post anteriores, não me lembro de se ter dito que «os de direita fossem pela morte ou insensíveis». Quanto, ao «só querem guerra»...admito a retirada do «só» -Piada! O facto é q a fizeram! E não esgotaram todas as vias pacíficas! Quem procurou uma «desculpa» para "estimular" a economia, o desenvolvimento tecnológico e distrair os americanos foi ele.
Se "os americanos" são exímios em serviços secretos, porque não matar com "uma única bala" os ditadores? - E isto seria contra o "direito à vida"! Porquê destruir as, já de si, precárias infraestruturas de um país "pobre"?
«Paragem cerebral» resulta da liberdade artística do blogista. Já sei que vai replicar o adjectivo. A Maria faz rir?! Não conocordo com o seu humor.

Pong!

Manuela Q.

sábado, abril 09, 2005

Back to life

Penso que, sou a favor da venda livre do medicamentos em outros sítios que não unicamente as farmácias. No meu entender, essa área, como todas as outras de saúde, são serviços, por isso não me passsava pela cabeça que a margem de lucro não fosse um mínimo rentável. Com a saúde não se brinca, e mal fizeram os governos (quer de direita ou esquerda) que não pugnaram por essa medida antes.
No outro dia, à noite, dirigi-me a uma farmácia (de serviço, turno) e paguei uma taxa! pelo "serviço"! Não deveria fazer parte das obrigações?! Se é um monopólio, com largas margens de lucro, porque devem ser os utentes a pagar as horas extras ou o trabalho nocturno- se me forem dizer que é essa a razão?!
Pra mim, das duas uma: Ou a iliteracia diminui, ou a raça depura-se!
Manuela Queirós.

Isto está a tornar-se um hábito, mais esclarecimentos.

António, várias coisas a esclarecer:
1.- Tratei-o com "cerimónia" porque como imagina não é pelos comentários que fico a saber em que faixa etária se insere. Agradeço a confiança. Mas vou continuar a fazê-lo.
2.- Como lhe disse, nós não decidimos retirar nenhum comentário. Se não aparece é por "falhas técnicas", mas lêmo-los. E se a Mária achar que lhe deve responder, assim o fará. Somos duas, e a pessoa que lhe escreve(u) não é a mesma que postou "American Idiot". Somos as duas de esquerda, sim. Azedume? Não!
Posso dizer-lhe que tornei a ler, 2 vezes, o referido post. Não vejo nada de incoerente na comparação. No máximo, pode apontar-se brincar com o "direito à vida". Acaso, aqueles que estão de boa saúde nos locais de conflito não têm tanto direito à vida como alguém em estado de coma (profunfo)? -Danos colaterais?! Colaterais?! COLATERAIS?!
3.- Os comentários são agradáveis, sim. Saber que somos lidas, trocar ideias.... Ter-lhe-ia respondido directamente se houvesse um endereço seu- não o estou a pedir- estou a tentar provar que não sei se quero transformar esta Blog num jogo de ping-pong. Blog, que foi criado por duas pessoas que têm vontade de comentar os acontecimentos, e nunca se intitularam de "detentoras da verdade (única)".
Aprecie a sua estadia,
Manuela Queirós.
(já agora, alguém me esclareça, quando clicam nos comentários conseguem vê-los?).

quarta-feira, abril 06, 2005

Adenda ao Tempo da palavra

Quero agradecer ao Antonio Ribeiro ter chamado a atenção para o erro "debate presidencial"; se não o tivesse feito, esta correção não seria possível; li e reli, e não me tinha dado conta. É preciso referir que se não gosto de interrupções nos variados debates promovidos pela RTP-por exemplo- também não gostei do género excessivamente cronometrado do supracitado-até pela escassez do tempo dado a cada participante. Haja educação e bom senso! Venham as reuniões empresariais! Se calhar até deixam de ser debates-perdem a paixão- e passam a argumentação sucessiva... Não sei, sei que assim, não funciona.
M.Q.
P.S: António: Não sei se pretendemos publicar os comentários, sei que não pretendemos ocultá-los. Eles ficam aí, em baixo, à espera de serem lidos pelos curiosos que nos visitam (obrigada pela sua) e por nós mesmas. Se entretanto não aparecem, desculpe os erros técnicos.

segunda-feira, abril 04, 2005

Vou começar a coleccionar milhas aéreas, meu caminho para a santidade.
M.Q.

Previsão

O número de bebés registados com o nome de João Paulo vai aumentar em flecha!
M.Q.

Incongruências

Num desenho animado são precisos 2 super-heróis(!) para içar uma super-heroina esbelta?
M.Q.

Idiotices

Onda Gigante gera onda de solidariedade.

Moutinho só difere de Mourinho numa letra, o puto vai longe!
M.Q.

Inteligência em movimento

Carro inteligente não é aquele que "fala para" colocar o cinto de segurança, mas àquele que impede a ignição do automóvel em quanto não aperta o mesmo, para impedir que eu tenha de abrandar na estrada porque o da frente anda a fazer malabarismos!
M. Q.

O tempo da palavra

Detesto debates televisivos! Não consigo ver, incomóda-me que essas pessoas que têm mais cultura, educação... se interrompam. Debater não é cortar a palavra ao outro, é expor argumentos! Sugiro quem em vez do rídiculo sistema de luzes utilizado no debate presidencial, sim, ridículo, -só ultrapassado pela pontuação manual do programa "1,2,3"- implementem um sistema de choques eléctricos a quem emitir um som em quanto o outro fala (claro, q só pode participar quem estiver de perfeita saúde!) e a voltagem deveria ser aumentada quando os participantes insistem em falar "por cima" do moderador.
Este sistema também deveria ser utilizado na AR.
M. Q.

Ainda emendando

A quem de direito:
O Pedro Mexia escreveu no seu blog será de mim que fala? Terei alterado a ordem natural das coisas? Sabem eles de nós? Terá a borboleta batido asas?... A Maria acha que não, que ele parece ter ficado mesmo chateado com alguma coisa e eu não fui desrespeitosa. Eu só queria que me explicassem o filme- bolas, vi-o 2 vezes!-.
Pedro, fique sabendo que todos os sábados abrimos com ânsia e frenesim as páginas da GR onde suas crónicas nos aguardam, e deleitamo-nos! - embora a Maria, ache que, ainda lhe põe umas vírgulas no sítio. Pelo sim pelo não, cá fica o texto em jeito de esclarecimento, gostos não se discutem e eu sou toda a favor da liberdade. Se for o caso, esperava (espero) que fal(ass)em de nós pelos bons motivos: a escrita da Maria e o meu sentido de Humor.
M. Q.