quarta-feira, novembro 30, 2005

Notas (negativas)

-Não gostei de ver o Soares "histérica" na TVI (há muito tempo eu sei) clamando a falta de curriculo do Professor Cavavo.
- Do Soares apelando à luta, mobilização, preciso do vosso apoio...
- Não gosto de ver os jornalistas perdendo tempo com perguntas de intriga acerca de relações partidárias. Já sabemos que ele não vai responder. Da agressividade do tom e rapidez com que se colocam as questões numa tentativa- vã- de ser a jornalista dura que nada deixa escapar e que coloca o dedo na ferida.
Sra.: (e Srs.) alguém acha que em condições normais, isto é, se Alegre fosse o candidato oficial do PS, sem sequer rumores de um Soares pronto a avnaçar, ele seria tão mediático, estaria tanta gente na expectativa...? Já alguém falou no "síndrome do coitadinho, vitima"?! Se o PS subestimou Alegre?!. Quem lhe escreve as perguntas?!

Manuela Queirós.

Retoma económica é:

pagar 4,10€ para medir a tensão numa consulta de cardiólogia externa num hospital central...

Manuela Queirós.

Em um dia 30 de Novembro morre Fernado Pessoa, desculpas para ler uns poemas.

Já aqui dissemos que preferimos datas de Nascimento, mas la fui à net, ler uns poema, e, decidi: de forma um tanto... aleatória, baseada em "títulos" sem mais do que duas leituras, publicar os seguintes:


Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,


Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.


Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: <>
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa




Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.


Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?


Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.


Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!

Alberto Caeiro



O amor é uma companhia


O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.


Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.


Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.


Alberto Caeiro

(Manuela Queirós.)


terça-feira, novembro 29, 2005

O MELHOR DO MUNDO SÃO AS CRIANÇAS

Após a leitura de um conto, a criança prepara-se para responder a algumas perguntas de interpretação. A primeira era: “Identifica a heroína do conto.” O rapaz, de rosto horrorizado, pergunta:
— Quê? O conto mete droga?


Maria Ortigão

sábado, novembro 26, 2005

Já aqui falei disto

http://560.adamastor.org/

M.Q.

Happy Birthday Mr. Writter, Happy Birthday to you -(atrasado)

Para lembrar tão assinaláveis datas aqui fica:
« (...) -O materialismo, guiado de um lado pelas conquistas das ciências físicas e naturais e de outro lado pelo relaxamento dos costumes comtemporâneos e pela depressão sucessiva e assustadora da moral, vai comendo no campo da filosofia o espaço não já muito vasto em que residia a fé. (...) O homem, que segundo todas as probabilidades , não poderá nunca prescindir do maravilhoso, desse atractivo supremo da sua imaginação, irá então naturalmente buscar ao espiritismo, modificado e aperfeiçoado pela ciência futura, a teoria de uma tal ou qual sobrevivência que o lisonjeie, (...) »
Manuela Queirós partilhando trecho d' O mistério da estrada de Sintra. Eça em colaboração com Ramalho.

quinta-feira, novembro 24, 2005

FELIZ ANIVERSÁRIO



Parabéns a vocês
Nestas datas queridas.
Muitas felicidades,
Muitas letras de vida.
Hoje e amanhã são dias de festa,
Lêem os nossos olhos.
Para os meninos Ramalho e Eça
Muitos livros de palmas!



Nestes dias de festa, 24 para Ramalho e 25 para Eça, aqui ficam umas pequenas prendas, retiradas de “As Farpas”.


“A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. (…) O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. (…) A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretárias para as mesas dos cafés.”

“Desprezam-se os padres e despreza-se o culto, o que não impede que a propósito de qualquer coisa se exija o juramento! A religião ficou sendo um artigo de moda. (…) é um bom-tom aristocrático. (…) Aceitam Deus como um chic. (…) O povo, esse reza. É a única coisa que faz além de pagar. (…) A classe eclesiástica não significa a realização de uma crença; é ainda uma multidão de desocupados que querem viver à custa do Estado. (…) o clero inteligente e sincero tem uma missão difícil: não é fortificar a religião, é extinguir o beatério!”

“Com uma política de acaso, com uma literatura de retórica e de cópia, com uma legislação desorganizada, não se pode deixar de ter uma moralidade decadente. (…) nunca temos por isso a atitude da nossa consciência, temos a atitude do nosso interesse. (…) Lentamente o homem perde também a individualidade do pensamento.”

“A câmara não tem justiça. Se alguma coisa decide na sua pequenina área de alterações pequeninas não é no terreno da justiça, é no interesse político. Quem ignora os exemplos? A enumeração deles fatigaria Homero.”

“De modo que, se um homem pudesse apresentar-se ao chefe do estado com os seguintes documentos:
Espírito de tal modo bronco que nunca pôde aprender a somar;
Estupidez tão espessa que nunca pôde distinguir as letras do A B C;
Reprovação sucessivas em todas as matérias de todos os cursos;
O chefe do estado tomá-lo-ia pela mão e dir-lhe-ia, sufocado em júbilo:
- Tu Marcellus est! Tu serás presidente do conselho!”

“Há só um ponto negro que assusta o discurso da coroa: é a questão de fazenda [discussão do orçamento]. No entanto, com a impassível insistência duma criança, o discurso da coroa, cada vez que aparece em público, promete resolvê-la! (…) O homem político – simples influente eleitoral, mero candidato a deputado – lisonjeia, mente, difama, atraiçoa. Na política portuguesa raros dão um passo que o não conquistem por algum destes vícios. (…) uma coisa que concorre para que a nossa diplomacia seja soturna, é o horror que o país tem a ser representado por homens inteligentes.”

“Na sociedade, nas salas, nos teatros e nos passeios, dais os privilégios das vossas atenções, das vossas cortesias às eminências da toilette, às superioridades dos penteados, aos rastros mais cintilantes das mais longas caudas de cetim.”

“… nós somos o país dos tristes, dos cismáticos, dos piegas, dos choramingas. Isto procede de sermos o país dos mandriões e dos ignorantes…”

“… quanto mais conhecemos os homens mansos, mais estimamos os bichos bravos.”

“Conversar para o português é um perigo, uma dificuldade, um transe: é o antigo Cabo das Tormentas; (…) Conversar! Falar! Entreter! Mover o alado e fino batalhar das ideias, ter opiniões, traits, ditos: todo o português imagina que esta maravilha só se pode dar nos romances de franco. Daí vem o velho hábito elegante de se encostar, o português, o indígena, à ombreira da porta, com aspecto fatal. Conversar! Os homens tremem e as senhoras empalidecem.”

“A moda começa por ter isto de absurda: é que não é ela que é feita para o corpo – é o corpo que tem de ser modificado para se ajeitar nela. (…) A moda destrói a beleza e destrói o espírito. Um figurino decretado e seguido – mata as originalidades do gosto.”

quinta-feira, novembro 10, 2005

O ÁS DO VOLANTE


Então não é que um moçoilo foi apanhado cerca de sessenta vezes a conduzir sem carta!? Que comentário se pode fazer a tão inusitado facto?
Obviamente, o sósia do Tiago Monteiro foi presente a tribunal. Mas eu penso que, em vez de o levar à avaliação de um juiz, deveria era ser visto por um júri do Guiness, dada a quantidade de vezes que foi apanhado em falta. Era mais uma oportunidade para inscrever o nome de Portugal no “Livro dos Records”, actividade muito em voga ultimamente.
De seguida, era necessário assegurar-lhe uma consulta no psiquiatra, porque alguma coisa não funciona bem naquela cabecita. Afinal, quem é que no seu perfeito juízo continua a conduzir depois de ser apanhado tantas vezes? Lá diz o provérbio “Na primeira, quem quer cai; na segunda, cai quem quer; na sexagésima, só cai quem quiser.”

Maria Ortigão

O MELHOR DO MUNDO SÃO AS CRIANÇAS

— Como se chama quem trabalha num moinho?
Responde a criança:
— Pedreiro!

Realmente, às vezes, o pão é tão duro que mais parece uma pedra!
A resposta desta criança reflecte bem a mudança dos tempos. Com a perda de alguns dos tradicionais lugares de trabalho, como o moinho, perdem-se outras tantas profissões e consequentemente as palavras que os designam. Há-de haver um tempo, em que, àquela pergunta, a criança responderá: “São os senhores do supermercado!”

Maria Ortigão