domingo, julho 31, 2005

Coisas que arruinam uma tarde de domingo

bela tarde de domingo, vamos até à ribeira, território ainda não dominado por mim- passo de certeza por lá no S. João, mas durante o ano....- sentada num banco tendo como pano de fundo a sua "irmã mais nova" e olhando para as façanhas dos miúdos locais que se atiram ao rio, sou brutalmente tranportada para esta "nossa" realidade da falta de educação e civismo: cospem no chão! Nesse dia, ainda noutros locais, assisti à repetição do acto. Um horror!
M.Q.

Passatempo de verão

Neste país de imigrantes olhar para as matrículas de automóveis e "coleccionar" algumas; Luxemburgo, Dinamarca até mesmo um espanhol que, sendo aqui ao lado, é menos frequente que um francês.
M.Q.

sábado, julho 30, 2005

F.M.A., ESTA É PARA TI!

Ó F.M.A., desiludes-me... Não sei reparaste que por trás do humor, há uma crítica, por vezes, bastante cerrada. Já uma importante senhora metodóloga nos ensinou que o humor abre mais portas e é amigo do leitor. Eu, pelo menos, não resisto a umas piadas, bem ao jeito dos nossos amigos Eça e Ramalho.
Quanto ao Bush, esse "democrático", que queres que diga... As acções dele falam por si, não preciso de esgrimir nenhum tipo de argumentos válidos. basta acompanhar o "trabalho" que ele tem vindo a realizar.
Ah, os meus comentários no vosso "blog" não foram nenhuma crítica. Deixei bem claro que gostei mais daqueles textos, porque são mais o meu estilo, logo, é natural que os tenha apreciado. E também deixei bem claro que os outros também eram bons ou não terias sido citado por estas bandas.

sexta-feira, julho 29, 2005

CELEMAN, ESTA É PARA SI!


1. “Mulholland Drive”

Ultimamente, tenho tido alguns problemas informáticos em casa. Para além de já ir poucas vezes à Internet, descobri que não consigo deixar nenhum comentário nos “blogs”, porque, quando carrego em “comments”, não abre nenhuma caixa para escrever. Não sei se o problema é do computador, se é de mim, embora esteja mais inclinada para a segunda hipótese. Tenho uma relação muito especial com a informática, no mesmo nível da de Tom e Jerry ou de um pequeno batel no meio de um furacão.
Portanto, tenho acompanhado, de uma maneira geral, os textos dos “blogs”, mas guardo os comentários para mim.
Assim, não me esqueci que estou a dever a Celeman a minha teoria sobre “Mulholland Drive”. O problema é que já não me lembro muito bem (foi há bastante tempo que vi o filme), mas fazendo um esforço de memória, deixo aqui a minha ideia. Ao contrário de si, nem sei o nome das personagens, pelo que referir-me-ei a elas como loira, morena e loira do café. Não dá muito jeito, mas penso que seja perceptível.
Resumidamente, a loira do café tinha uma relação amorosa com a morena. Quando esta última acabou tudo, a primeira, bastante despeitada, resolveu contratar alguém para pregar um susto à morena. Resulta daqui um acidente de automóvel, em que a morena perde a memória e é recolhida pela loira, que quer ser actriz. Depois de seguirem algumas pistas, na tentativa de descobrirem a verdadeira identidade da morena, dirigem-se a uma casa, na qual encontram a loira do café morta. O problema é que, após esta macabra descoberta, as três estão juntas no café!
Espero não me ter enganado em nada, mas, de uma maneira geral, seria esta a história do filme. Sem falar ainda na tal caixa, pois não percebi nada disso!



2. “Húmus”
Não pude deixar de reparar que, no seu “blog”, tem uma imagem deste livro de que gostei muito. Até faz lembrar o filme de David Lynch, na medida em que também não é de leitura fácil.
Gostaria de lhe perguntar qual a edição da obra de Raul Brandão que aparece no “A Luta Contínua”.

3. Cenas-chave
Um anónimo corrigiu-lhe e bem o plural desta palavra, porém esqueceu-se do hífen. Sendo uma palavra justaposta (duas palavras juntas que formam um único sentido, mantendo a acentuação própria e a forma gráfica) é obrigatório o emprego do hífen. Há, todavia, algumas palavras justapostas (por exemplo, girassol) que não são hifenizadas, mas isso é outra história!

Maria Ortigão

O “ATELIER” DO ZÉ


Estou emocionada até hoje. Amigos leitores, eu andei a bisbilhotar no “atelier” de José Rodrigues, um dos maiores escultores portugueses da actualidade. Fiquei tão contente, feliz, entusiasmada, eufórica e todos os adjectivos que são sinónimos de alegre! A Cristina é testemunha da minha excitação.
É melhor começar pelo princípio (passo o pleonasmo) e contar tudo direitinho. Sei que o texto vai ficar grande, mas, desta vez, vai valer bem a pena!
A Cristina perguntou-me se eu não queria ser “lanterna” num espectáculo de poesia, dança, canto e música, dirigido por Ruben Marks. Ser “lanterna” implica estar num canto da sala com uma lanterna na mão e ir iluminando os intervenientes que se encontram em palco. Já tinha assistido a um espectáculo do género, também com a direcção artística do mesmo Ruben Marks e sabia, mais ou menos, como tudo se ia passar.
Na véspera da apresentação, dia de ensaio, fomos até a uma antiga fábrica, no Porto, que está a ser reutilizada e que, mais tarde, fiquei a saber ser a Fundação José Rodrigues. Logo à entrada do portão, estava um grande cão que, à primeira vista, seria o guardião do edifício, mas que, no fundo, era mais o guardião dos mimos.
Como chegámos um pouco mais cedo, fomos incentivados (estávamos com um outro amigo) a explorar o local. Tirando o edifício principal, que servia de sala de espectáculos e que estava minimamente recuperado, os restantes eram um pouco ruínas, polvilhados de entulho, no meio do qual, havia algumas estátuas. Foi, então, que, ao passarmos a um outro edifício, reparei numa placa de ferro com esta inscrição: “Escultor José Rodrigues”. O José Rodrigues? O escultor José Rodrigues? Agora percebia o significado de algumas palavras soltas que tinha ouvido e se reportavam a um “atelier” e a um “Zé”! Meu Zeus, eu ia entrar no espaço de trabalho do escultor José Rodrigues!
Aquele edifício era constituído por três divisões, sendo duas salas de trabalho e a terceira, mais pequena, um escritório com uma secretária cheia de papelada com desenhos. Afastei-me logo dali, porque sei que se entrasse, não me ia controlar e acabava por mexer em tudo! Por isso, centrei-me nas salas de trabalho que tinham mesas e enormes estantes. Tudo repleto de grandes e pequenas estátuas, umas já concluídas, outras não. A variedade era imensa! Havia uma ave com as asas abertas, talvez em pleno voo, tão perfeita!; uma grande estátua de uma mulher deitada que era um nu belíssimo; um pequeno leão em busca da presa; até um busto de Mário Soares! Fui tocando a medo em algumas peças, sobretudo naquelas que não estavam acabadas e em que era possível ver as marcas por onde ia nascer uma obra de arte. Que emoção!
E a desorganização? Bocados de pedra por todo o lado, materiais ao monte, instrumentos de escultura espalhados… ai, se a minha mãe visse aquela confusão!...
No entanto, o melhor ainda estava por vir. Antes de começar o ensaio, tive vontade de ir à casa de banho. E onde havia uma casa de banho nas imediações? Sim, utilizei os lavabos de José Rodrigues!!! Eu sei qual é a marca de papel higiénico, mas não digo, pois estaria a ser demasiado indiscreta!!! Por falar em indiscrição… não resisti e acabei por abrir a porta do frigorífico que o Zé (acho que, dadas as intimidades por mim forçadas, já o posso tratar assim!) lá tinha, contudo, não revelarei o seu conteúdo que foi deveras surpreendente! Ah! Já me ia esquecendo de dizer que limpei as mãos à toalha do Zé!
Quando saí da casa de banho, reparámos que havia um esqueleto pendurado na parede. Houve alguém que disse que parecia ser humano, porque tinha algumas irregularidades e manchas escuras pelos ossos. Como estávamos rodeados pelo lusco-fusco, mais fusco do que lusco, eu preferi pensar que era apenas um esqueleto de plástico carregado de pó!
Mais tarde, compreendi que as estátuas, que vi no meio do entulho, eram o lixo do Zé. Ora, eu não me importava nada de ter um pouco de lixo de José Rodrigues em minha casa. O problema é que se colocássemos uma daquelas obras na mala do carro, íamos embora com as rodas dianteiras no ar!
No dia seguinte, dia da grande estreia, aconteceu o clímax da minha emoção. Não é que o Zé falou connosco? Perguntou-nos onde se ia sentar! Teve de ser a Cristina a responder, porque naquele momento eu estava tão embasbacada que nem conseguia falar! Realço, ainda, a figura interessante do grande escultor: mais baixo do que a televisão fazia antever e fralda metade dentro, metade de fora!
Foram duas noites fantásticas!!!


Maria Ortigão



PONTAPÉS NA GRAMÁTICA E NÃO SÓ XII


1. Teresa Guilherme em entrevista no “Herman SIC”:
“— Não fumo, não como carne morta…”

Comentário: Hannibal Guilherme Lecter!


2. Insigne professor de Cultura Clássica da Faculdade de Letras do Porto:
“— Por isso é que Zeus castigou os homens, dando-lhes a comer a mulher!”

Comentário: Deveras, um castigo demasiado cruel!

3. Amiga:
“— O Porto é Património Mundial da Cultura!”

Comentário: Só o Porto para conseguir ser tudo ao mesmo tempo, carago!


4. Insigne professor de Latim da Faculdade de Letras do Porto:
“— Se morreram, já não existem.”

Comentário: O contrário de estar morto é estar vivo.

Maria Ortigão

BUSH E O AMBIENTE


Depois de ler mais um excelente texto de Tomás de Montemor, na “Notícias Magazine”, não resisto a citar uma pequena parte de que gostei imenso.
O referido cronista é veterinário e assina todas as semanas uma secção que se chama “Páginas Verdes”. Para além do texto que escreve, tem também uma pequena coluna, “Barómetro do Planeta”, em que felicita algumas medidas (“… viva!”) e critica outras (“… buuuu!”), tudo no campo do ambiente.
Aqui vai um “…buuuu!” delicioso: “Numa reunião do G8 mais uma vez o presidente Bush decepcionou o mundo – continua com a velha desculpa de que ainda não se sabe o suficiente sobre o aquecimento para se poder tirar conclusões. Está à espera de quê? Que seja capaz de fritar ovos na testa?”

Maria Ortigão

quinta-feira, julho 28, 2005

Protesto

Os artigos de higiene pessoal têm um IVA de 21%. (Tentei fazer uma pesquiça mas as etiquetas de supermercados não explicitam a taxa, pelo talão os artigos que conheço detêm sim 21%). Já tinha roçado o assunto mas volto à carga: Proponho que iniciemos uma greve à higiene pessoal em sinal de protesto. Assim, deixe-mos de tomar banho, lavar a cabeça (pensam, vê-se logo que é uma mulher a escrever!), escovar os dentes... É certo que pode demorar um tempo até atingirmos o que pretendemos, mas as mudanças implicam sacrifício! Consigo imaginar todos mais escuros com a sujidade entranhada na pele -sempre evitavamos o risco de cancro de pel- os cabelos à rasta (não pretendo ofender ninguém, é apenas uma simplificação), pessonhentos... Deviamos começar já. Sucesso garantido agora no verão- quando houver sol outra vez- o cheiro intensifica-se não terão outra saida a não ser ratificar a taxa mínima.
Podemos sempre tomar banho com a bebida do nosso bom e velho amigo Baco. Banhos de leite de cabra já tinha ouvido- faz bem a pele! E usar cerveja como bronzeador, quem experimentou garante que funciona muito bem.
M.Q.

Não há pachorra...

... para "animadores de rádio" que utilizam a muleta da semana e fim-de-semana para dizerem umas palavras. «... é segunda vamos lá cambada, força!; é quarta-feira já só faltam dois dias para o fim-de-semana...»
... para o "último disco". Ó gente da minha terra, ah! esperem a frase fica bem na voz da Marisa, mas a terra não é minha! Ó gente... não se diz último disco, diz-se disco mais recente! Quero lá saber se dizem que sou supersticiosa ou apenas chata. Cá de o rigor?
... não gosto do programa da tarde da Antena3 que utiliza um blog e os seus comentários... Isso não deveria bastar para fazer um programa. Assim também eu; sim, já sei, estou com inveja. Fora a questão dos insultos/discordâncias dos visitantes para com o "animador" que ele resolve responder no ar, mesmo que educadamente, não era supoto ignorar-se...?
M.Q.

Cinemania

Vi no jornal que o filme "Madagáscar" tinha duas estrelas-asteriscos. "Sonho de uma noite de São João" tinha três. Não costumo, de todo, ligar ao que eles-"críticos de cinema" dizem, embora veja a tabela. Eis a minha classificação: "Madagáscar" duas. "Sonho..." estrela e meia. Como se coloca isto numa tabela, meio asterisco? Estão a ver aquela piada: um ponto é um asterisco com gel... É melhor parar por aqui, deve ser do verão. Esses, os críticos de cinema de jornais ou jornalistas que vão ao cinema... incomodan-me um bocado, cada filme deveria ter a tabela preenchida, completamente, para comparações... Não deveriam eles ver os filmes todos? Se o jornal pagar eu posso muito bem ir nos vossos lugares!
M.Q.

Merece ser visitado

Quer on-line quer fisicamente. Café Guarany. (Bolas espero que funcione agora). Já foram? Lindos os grãos de café! Não está o máximo? Bom, adoro estes sítios onde se respira, ou parece respirar, um passado histórico-cultural... o que eu não dava por um Sarau com o meu Eça, ou umas Conferências no Casino, uma Tertúlia... E ainda por cima alia a vida nativa do meu Amazonas. Já sabia das pinturas; tenho que lá ir, ouvir algo latino.
M.Q.

Partilho

Andei lendo: o que costumo ler, os outros que lêem o mesmo que eu e os blogues mediáticos e encontrei isto: gostei e muito bom. O primeiro é um excelente texto, mas isso já sabe quem conhece F. A. M. "O gajo" sabe escrever e tem ideias claras, bem estruturadas, concisas. Independentemente de eu "ser de esquerda" ou de concordar ou não com o texto. O segundo tenho pena de não ter sido eu a inventar, mas adorei ficar a conhecer a realidade. Estou mais rica! Não conhecia a piada, a hipótese...
M. Q.
P.P:. Parece que estou com problemas técnicos: Gostei de "Nomina sunt res?" e muito bom "Cláudia" em http://www.foradomundo.blogspot.com

quinta-feira, julho 21, 2005

O MELHOR DO MUNDO SÃO AS CRIANÇAS


Numa aula, a professora propõe a realização de uma Biblioteca de Turma. Logo a excitação percorre os pequenos petizes, ao ponto de um perguntar, só para ter a certeza:
— Isso implica ler, não é?

Maria Ortigão

PONTAPÉS NA GRAMÁTICA E NÃO SÓ XI


1. Insigne professora de Português da Escola EB 2/3 Arquitecto Oliveira Ferreira, dirigindo-se a um aluno:
“— Quando é que me mostras o teu material?”

Comentário: Costuma-se guardar o melhor para o fim!


2. Insigne professora de História de Portugal da Faculdade de Letras do Porto:
“— A maior dificuldade dos portugueses é a penetração!”

Comentário: É necessário contextualizar esta frase. A professora alude, OBVIAMENTE, às dificuldades de comunicação que os portugueses sentiram na Índia, durante o século XVI.
Logo, o facto de a senhora ser casada com um italiano só pode ser mera coincidência!

3. Está a chover. Pergunto a um amigo:
“— Então, não abres o guarda-chuva?”
Ele responde:
“— Não o quero molhar!”

Comentário: Chuva molha tolos!


4. No programa Passo a Palavra, Nicolau Breyner pergunta:
“— Qual o nome de um dos barcos da armada de Cristóvão Colombo?”
O concorrente aposta:
“— Nau Catrineta!

Comentário: Alvíssaras, capitão! Já vejo terras da Índia, areias da América!

Maria Ortigão

terça-feira, julho 19, 2005

AGUENTA-TE COM ESTA!


Resolvi escrever a presente farpa na sequência de um comentário de MRA e de um acontecimento recente por mim presenciado.
Antes de começar, agradeço a visita que MRA e que Celemen fizeram ao nosso cantinho, na grande rede.
No texto “Top 5 dos automobilizados”, as frases citadas são perfeitamente inocentes, no fundo, são pequenas piadas do dia-a-dia. Por outro lado, a que MRA nos deixou – após um acidente, há quem profira a pérola “Logo hoje que eu ia devagar!” – é mais preocupante, porque revela a má educação, o pouco cuidado, a irresponsabilidade, em resumo, a falta de civismo que, em Portugal, é sinónimo de condução. Conduz-se sob o efeito de álcool, em excesso de velocidade, acontecem manobras perigosas e, no fim, só há um culpado para os acidentes – as estradas, essas assassinas! Sim, sei que há vias em mau estado, mal sinalizadas e até mesmo com defeitos, mas é tapar o sol com a peneira ao não se admitir que é a imprudência que mais mata nas estradas portuguesas.
Eu, para além de ser pendura, sou uma pendura chata, melga, impossível de aturar. Resmungo quando o condutor atende o telemóvel, quando vai muito depressa, quando quer beber antes de conduzir, grito “Cuidado com o gato!”, quando o bichano está a um quilómetro de distância e a cinco metros da faixa de rodagem… Custa-me ter de fazer esse papel, mordo-me toda, pois sei que para os outros estou a ser histérica, talvez impertinente. Custa-me, mas a minha vida custa mais. Sempre fui muito sensível nisto de se conduzir com segurança e mais sensível fiquei depois de quase ter sido atirada para uma cadeira de rodas por alguém que estava com pressa e resolveu fazer uma manobra perigosa.
Recentemente, entre amigos, um condutor bebeu vinho ao jantar e depois mais um copo num bar. Aqui a Super-Melga alertou logo para o facto de ele ter de conduzir. Resposta brilhante: “Eu aguento bem!” Quando se fala em alterar o código da estrada, há sempre duas facções distintas: uns defendem que é necessário investir na informação e formação dos condutores, outros acham que se deve aumentar as multas. Pois bem, ao ouvir aquela resposta (de uma pessoa, ainda por cima, bem formada) só me apetecia aumentar as multas e depois perguntar-lhe: “E com esta aguentas bem?” E será que aguentará bem quando destruir o carro, quando for parar ao hospital, quando matar alguém ou se matar a si próprio? “Tá-se bem?”
Lembrei-me agora de um episódio mais antigo, em que, também num grupo de amigos, um espertalhaço resolveu, muito ufano, relatar as suas façanhas ao volante, nomeadamente, manobras perigosíssimas, macho que é macho não anda a menos de 100 km/h e outros atentados à sanidade pública. A referida pessoa até já tinha tido acidentes, mas, sabem como é, o verdadeiro herói não se deixa abater pelas contrariedades da vida. O mais engraçado de tudo é que a maior parte da audiência ouvia-o atentamente e achava-lhe imensa graça!!! É claro que eu estava de trombas e com vontade de transformar o copo de vidro que tinha à minha frente numa arma de arremesso. Para relaxar, deixo algumas frases que me devem ter passado pela cabeça:
- Quanto é que ele terá tirado na cadeira de Estupidez Aplicada à Condução?;
- Se a estupidez for contagiosa, posso estar descansada que ele está muito longe de mim!;
- Será que alguém repara se eu for lá fora esvaziar-lhe os quatro pneus?;
- O que vai ser o meu almoço amanhã?
Para terminar, deixo uma pergunta que me passou pela cabeça, quando estava deitada numa maca, num corredor do hospital, à espera de saber se tinha a coluna partida: Por que motivo os irresponsáveis que provocam acidentes raramente se magoam, enquanto os que levam com eles em cima é que ficam feridos?


Maria Ortigão



CURTINHAS


1. Andar para trás

Um brasileiro resolveu caminhar até Fátima de costas. Depois de ter conseguido chegar até ao santuário, prepara-se para, da mesma forma, ligar Lisboa ao Vaticano.
Ora, a minha mãe sempre disse que andar para trás é ensinar o caminho ao Diabo. O que aquele senhor faz em nome da fé é, na realidade, um acto sacrílego, é uma blasfémia. Está a pôr em causa toda a cristandade ao fazer um GPS dos principais locais católicos para o Demo! Aquele homem não precisa de um representante do Guiness, precisa rapidamente de um exorcista!

2. “Outdoors”
Tempo de campanha eleitoral, tempo de cartazes, tempo de poluição visual. De facto, os cartazes eleitorais estão cada vez maiores. E, como estão cada vez maiores, só agora é que percebi por que motivo se chamam “outdoors”. São tão grandes que “insidedoors” é que não cabiam!


3. As vitórias do Sporting
José Peseiro disse que, na próxima temporada, o Sporting vai ganhar mais do que conseguiu na temporada passada. Sinceramente, não me lembrava de o clube leonino ter conquistado nada na camada sénior de futebol. Porém, depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que o SCP:
- conquistou o terceiro lugar na última temporada;
- conquistou a derrota na final da taça UEFA;
- conquistou a eliminação da taça de Portugal;
- conquistou a simpatia dos geómetras por causa do losango;
- conquistou a presença assídua, na baliza, do rei dos frangos.

4. Dinheiro bem guardado
Longe vão os tempos em que as senhoras guardavam o dinheiro no seu “apara-seios”. Mas, pelos vistos, um dos ministros do presidente brasileiro, na falta do suporte feminino, resolveu esconder os dividendos das suas actividades ilícitas nas cuecas! Finalmente, a expressão dinheiro sujo faz sentido!


Maria Ortigão


Aquilo que só acontece nos filmes

Saimos do bar e fomos até aos carros, um deles tinha sido roubado. Estragaram as portas e levara o rádio. Telefonamos à polícia!
- Onde estão?
- Na rua X.
- Ah! Mas isso pertence a outra freguesia, têm que telefonar para o posto de lá.
- Pode dar-nos o número?!
Deu. Ligamos. Aparecem nas calmas. Quem é a dona do carro, o que levaram?
- Nós não tocamos nada.
- Ah, pode entrar não se preocupe.
- Pode apresentar queixa no posto. Mas agora só segunda feira, não vale a pena ir agora ou amanhã. Sabe, se fosse uma emergência... quer que façamos o quê? Pergunta o agente. Apanhá-los, pois. Quem foi? Não se sabe!
E assim, contactamos com a displicência habitual das forças de segurança. Dois gajos, nas calmas, que não preencheram sequer um papel. E que nos deram um banho de realidade: Apanhá-los!
Pergunto eu: a pessoa a quem telefonamos primeiro, não podia ficar com os dados e transmitir a quem de direito?
Mais, se lhe roubarem o carro ao fim de semana, não vá até um posto da GNR mesmo que seja o mais próximo, vá directamente à PSP mais próxima, porque nos postos a ocorrência fica à espera pela segunda feira. Recomendação de vários agentes.
Se lhe roubam o veículo pela segunda vez, esteja atento e ajude o agente a preencher os papeis, foi o que nós fizemos, porque ele não sabia.
E, se lhe roubarem a loja, não espere que eles tirem impressões digitais, porque não o fazem. E vá directamente à feira "da Bandoma" lá do sítio se quer recuperar alguma coisa, foi o que o agente disse.
O crime compensa! Deviam empenhar-se para delitos menores com a mesma gana com que pretendem caçar os culpados de atentados contra colegas.
Como pretendem que estás pessoas não fujam aos impostos? Se os valúrdios que pagam não lhes conferem garantias?
Manuela Queirós.

A médica de família desnaturada e outras tropelias.

Uma história da vida real*:
O sr. X esteve em sofrimento visível e incapacitante durante duas semanas antes de se dirigir ao centro de saúde correspondente. Vai para as urgências, isto é, a partir das 17h são atendidos por ordem de chegada pessoas que não têm consultas marcadas (consultas essas que implicam estar 2 ou 3 meses à espera). Explica-se e vai para casa com uma folha de exames e alguns medicamentos. Fazer os exames requer, no mínimo, uma semana de espera em sofrimento levemente aliviado por químicos. Vai novamente à urgência. - Que os exames estão incompletos porque no centro de saúde ficou a segunda folha. (Daí termos achado estranho que alguém que se queixa da coluna tenha feito apenas uma radiografia.) Leva novamente uma folha; mais uma semana de espera, resultados, urgência: - Não está bem, de facto, vamos fazer un TAC. A guia do exame precisa de aprovoção do director do centro, por tanto, dentro de dois dias pode vir buscar. Ao segundo nada. No terceiro, tenta marcar-se o exame mas estava no nome de um outro senhor cujo nome também é X mas de apelido diferente! (Agora compreendem com alguém pode ser operado por engano?!) O funcionario do laboratório aceitou marcar à mesma, mas era preciso rectificar a guia o que implica vltar duas vezes ao centro de saúde. Espera-se resultados e deixam-se na secretaria com um número de telefone para posterior conferência com a médica, solução apontada por ela. A falta de notícias leva o sr. X ao "verdadeiro médico de familia", ou seja, um particular conhecido de longa data que já tratou os pais do sr. X. Passam três semanas e vai-se ao centro de saúde buscar o TAC. A funcionária procura, -quando o deixou? Para a médica qual? Aqui não está nada...- estava num outro armário e ainda não tinha sido visto pela médica. Foi lá dentro mostrar, passados cinco minutos aparece a mesma funcionária dizendo que não tinha hérnias, razão pela qual tinha sido feito o exame para despistar a hipótese. O sr. X, sabiamos nós pelo outro médico, tem três hérnias: uma delas em estado incipiente mas que apresenta mais gravidade que as outra duas juntas.
O sr. X voltou ao sofrimento que antes tinha sido aliviado através de umas injecções e recorreu novamente ao centro de saúde. Um outro médico, porque nas urgências é assim, pode sêr-se atendido pelo médico de família que deveria estar a para do quadro clínico ou por outro que nunca viu o paciente e ao qual é preciso pôr à par da situação, tempo gasto.
O sr. doutor não percebeu como a colega deixou escapar a situação. - Vá pra casa tomar mais uma injecções e depois venha cá. Aguarda-se novos desenvolvimentos. Mas é de salientar que estas segundas injecções custaram menos de dois euros e fizeram o mesmo efeito que outras muito mais caras.
*A minha vaidade lembrou-se do epíteto: conto urbano (de horror) mas eu não escrevo bem.

Políticas não renováveis

Uma central nuclear?! Não quero fazer papel de ignorante histérica, mas é possível que se coloque esse tipo de hipótese quando não se explorou todo um conjunto de energias renóvaveis, naturais, cleen, verdes!? Prefiro ter o horizonte pejado de moinhos eólicos. Construam barragens (ao invés de estádios de futebol mas já vai tarde!), instalem placas solares gigantes no Alentejo mas façam alguma coisa, bem!
M. Q.

segunda-feira, julho 18, 2005

Comentários aos comentários dos nossos participantes

- O pensamento é "lindo": Filhos do Mundo! Mas nacionalidade é precisa para os direitos básicos: saúde, etc. Se bem que na minha "freguesia" ter médico de familia é igual a não ter. Assunto a desenvolver depois.
[P.P.: Se depois aparecer no "Comments" n estranhem.]
- Tentamos colocar os links. Seguimos as instruções mas nada. Obviamente fizemos alguma coisa mal. Podem gozar e dizer que somos de letas.
- Vou tentar esclarecer porque não coloquei entidades masculinas na referência ao método contraceptivo pílula: Não porque ache que é um domínio feminino, mas porque colocar entidades masculinas poderia desviar a discussão para o papel paternal e não era isso que se pretendia.
M. Q.

quarta-feira, julho 13, 2005

Yes Sir.

Piadas sobre o timimg da Cidade do Porto ter Metro e os atentados, ou, que giro seria virem os "gajos" dar cabo de tudo agora passaram pela minha cabeça. Mas não vou escrevê-las mas surgiu uma questão: os atentados de Madrid parecem ter uma escala muito mais bárbara que os perpetrados em Londres. Será que os terroristas respeitam mais "Londres" - (não escrevi londrinos por parecer incoerente, respeita-se mas rebeta-se?) - do que os sacanas dos castelhanos católicos que lhes sacaram a Anduluzia?
O Atentado de 11 de Setembro não serve de comparação.
Embora o titulo pareça provocação não quis "profanar" o local escolhendo "Londres"
M.Q.

Nacionalidades

Que país é este, que não dá a nacionalidade a quem nasce no seu solo? Fiquei estupefacta ao saber da noticia. Eu até percebo que é uma forma de resguardo dá-se a nacionalidade a uma criança e temos que aturar os pais e irmãos... Mas para que saibam, este país deu-me a sua nacionalidade "só" porque os meus país são portugueses! Filho de português, português é!* É certo que os meus habitaram este cantinho à beira-mar plantado até aos 20 e poucos- teria mais graça se nem sequer tivessem cá morado! (Não sei se é possível). Bom, mas eu, que fui sempre portuguesa (até na minha terra, colegas de escola podem ser infernais! ) não frequentei uma escola portuguesa como tantos filhos de imigrantes. Apenas conheci o país aos 10 anos de idade por uma única vez. É certo que até comprei um caderno onde rabisquei um glosário , mas nunca quis ser portuguesa! E até digo: vocês os portugueses... Q me perdoem os amigos de cá. Mas é a verdade, ninguém me perguntou, deram-ma! E a outros que de direito pertençe ou vos defenden melhor nega-se.
Isto não é um tratado anti- Portugal; eu gostei de aprender a vossa história; adoro a vossa literatura, vossa música, primeiros filmes... e o país é bonito, como são todos.
* Devem ter-me inscrito no Consulado português, mas percebem?
M.Q.

Aviso à navegação:

O Farpas* sente-se honrado com os novos visitantes e orgulhoso de vos poder receber. Gostariamos de poder colocar os vossos links numa coluna ao lado mas achamos complicado. Eis que me lembrei que podia remediar assim:
Muito pouco digno mas com muita boa intenção. Acho que não esqueci ninguém. Bem hajam!
* Síndroma de Jogador de Futebol: Fala-se na 3ª Pessoa.
M & M.

Um comentário

A Educação Sexual nas Escolas Portuguesas
Apetece-me escrever: O Estado laico tem à disposição dos alunos aulas de Religião e Moral; não tem qualquer outro tipo de "espiritualidade" à "disposição do freguês" que salvaguarde o direito à diferença ou que sacie a curiosidade. Por isso, educação sexual, sim! Eu tive pelo menos uma disciplina chamada Educação para a Saúde e falamos de sida, hepatites, métodos contraceptivos, gestação... faltou a prática: manusear, ter o à vontade, deixar assente que é preciso maturidade, seriedade, honestidade para aos 14/16 salvaguardar a confiança que o outro depositou em nós.
Educação sexual II
Acho que é óbvio que falta interiorizar a informação, lá porque ela anda aí, não quer dizer que seja assimilada. Toda a gente sabe que: 1.- a pílula evita gravidezes mas não há noção do rigor que implica a toma (horários, tempo de paragem...) as miúdas deviam ser acompanhadas pelas mães, irmãs,tias...(não coloco entidades masculinas de propósito); 2.- o preservativo, como colocar correctamente... Talvez devessem ser grupos pequenos, de seis alunos, escolhidos pelos próprios, já que não tens o mesmo à vontade com todas as pessoas da turma; ou consultas privadas com um técnicos de saúde.
Manuela Queirós.

quinta-feira, julho 07, 2005

OS AMBRÓSIOS DO SR. MINISTRO

Foi, ontem, primeira página de um jornal a notícia de que o ministro da Justiça tinha cinco motoristas à sua disposição. Muito me alegrei com este dado navo, porque, ao mesmo tempo, o ministro combate activamente o desemprego e é possuidor de um agudo sentido de responsabilidade e segurança, já que nem toda a gente tem igual apetência para conduzir nos diversos tipos de estradas.
Assim, um motorista só conduz nos itinerários principais; outro exerce a sua profissão nos itinerários complementares; outro nas estradas nacionais; outro nas locais; e finalmente aquele que é mais competente e com larga experiência no ramo conduz nos perigossímos e sempre incertos caminhos de cabras.

terça-feira, julho 05, 2005

TOP 5 DOS AUTOMOBILIZADOS


Sendo eu uma desautomobilizada (vulgo pendura), possuo a distância suficiente para ir reparando em alguns chavões que os automobilizados usam constantemente. De facto, há frases que, com mais ou menos variantes, estão sempre a ser citadas em determinadas situações. Há momentos em que me lembro do canito de Pavlov. O animal, de tão habituado a receber comida após o toque de uma campainha, mal a ouvia começava a salivar. De igual modo, há circunstâncias que quase obrigam os condutores a proferirem sempre a mesma maia dúzia de palavras. (Atenção e isto que fique bem claro: não estou a chamar cães aos automobilistas. Quem tirar conclusões precipitadas fica já avisado que eu mordo!)
Decidi, então, partilhar, por ordem decrescente de frequência, as cinco situações e correspondentes tiradas mais ouvidas dentro ou fora de um carro:
5.º lugar – É bastante recorrente ir à beira de pessoas que afirmam que, ao contrário dos outros, não se enerva nada a conduzir, mas “Aquele grandíssimo f***, não sabe que a m*** dos piscas é para se usar? C***!”
4.º lugar – Quando, num grupo de amigos, há alguém que está a tirar a carta, aparece sempre uma pessoa que se sai com esta: “Diz-me a que horas tens aulas para eu não andar na estrada!”
3.º lugar – Já reparam que, mesmo numa viagem longa, se só parar num sinal vermelho, o condutor diz sempre: “Caramba! Hoje só apanho vermelhos!”
2.º lugar – Depois de estacionar o carro, no caminho que tem de percorrer a pé até ao seu destino, o condutor não pára de repetir: “Olha, tinha lugar aqui!” ou “Tanto espaço aqui e eu fui deixar o carro tão longe!” ou “Se soubesse, não tínhamos de caminhar tanto!”
E o prémio para a frase mais repetida pelos automobilistas vai para…
1.º lugar – “Queres ir a pé?” Esta expressão é constantemente repetida por tudo e por nada, mas sobretudo, por nada! Não se pode fazer o comentário mais inocente sobre o percurso, o carro, a condução, qualquer coisita, que o condutor, do alto do seu volante, profere esta aterradora ameaça! É dura a vida de um pendura!

Maria Ortigão


MOURINHO COM AÇÚCAR



Umas farpas atrás, constatei o facto de que para se ser actor, hoje em dia, era condição “sine qua non” ser-se modelo. Corrijo-me agora: ser-se modelo ou treinador de futebol. Ao que tudo indica, o nosso Mourinho vai entrar na telenovela “Morangos com Açúcar”. Estou doidinha para o ver representar. Tão doidinha que não consigo deixar de imaginar como serão os episódios em que ele irá entrar.
Como estamos na série de Verão, é muito provável haver um torneio de futebol na praia, que irá opor o grupo dos “dreads” ao dos “betinhos”. Só falta saber qual das duas equipas irá o “mister” orientar. Vai ser uma escolha difícil, porque apesar do aspecto “abetado”, o treinador português tem uma personalidade bastante forte. De qualquer das maneiras, com certeza que vai dar um murro na areia e afirmar peremptoriamente: “Nós vamos ser campeões!”
Durante o torneio, orientará a sua equipa de calções sem, contudo, prescindir do seu sobretudo da sorte. Lá porque se está na praia, não se deve descurar a aparência. Por falar em aparências, ocorrerão algumas mudanças estéticas nos jogadores. Por exemplo:
- aquele rapaz da crista, que parece um galo ourado, vai ser incentivado a deixar crescer ainda mais o cabelo, pois, assim, quando estiver na barreira do livre, tapa mais a visão ao guarda-redes;
- os “betinhos” que não se atrevam a jogar com calções aos quadrados, sob pena de Mourinho pegar neles e rasgá-los, dizendo que este tipo de pessoa não merece jogar futebol e que deve morrer em campo;
- o menino das repas compridas deve usar uma fitinha no cabelo, se não, tal como Nuno Gomes, passará o tempo todo mais preocupado em prender o cabelo nas orelhas, não jogando nada de jeito e não marcando nenhum golo.

Caso as coisas estiverem a correr mal à equipa de Mourinho, no final do jogo, fará declarações bombásticas, afirmando que viu o árbitro, durante o intervalo, a comer gelados no bar da equipa rival.
Resta saber se o “mister” irá fazer par romântico com a mulher do líder da sua claque!

Maria Ortigão

OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS


Num curto espaço de tempo, perdemos importantes figuras políticas e culturais do país. Deixaram-nos Vasco Gonçalves, Álvaro Cunhal, Emídio Guerreiro e o poeta Eugénio de Andrade.
À excepção do líder histórico do PCP, penso que os outros não tiveram a merecidíssima homenagem. Na área da política, perderam-se grandes anti-fascistas, que em muito contribuíram para a liberdade em Portugal. Se hoje pode existir um “blog” como “Farpas XXI”, devemo-lo a eles. Se hoje eu posso ser quem sou, devo-o a eles.
E que dizer de Eugénio de Andrade? Mais do que dizer, devemos ler.
Por todas estas mortes, é que eu acho que anda tudo maluco no reino dos céus.

Maria Ortigão

ESTOU QUE NEM POSSO


Depois de José Sócrates ter jurado a pés juntos que não iria aumentar os impostos, o IVA subiu. Penso que a maioria do país nem reagiu muito mal. Afinal (literalmente) de contas, já estamos habituados a estas mentirinhas piedosas, durante a campanha eleitoral. Pois é, desde o início desta semana que os produtos, taxados com 19% de IVA, passaram para os 21%.
Nos dias que antecederam esta subida, aconteceu um fenómeno intrigante: a venda de automóveis subiu significativamente. Mas se pensam que a malta andou a comprar Fiatzitos e Cliozinhos, desenganem-se. Na realidade, os mais vendidos foram os carros de luxo. Fiquei siderada e garanto que vão ser apuradas responsabilidades. Isto não fica assim! Estou mesmo muito chateada! Então… a crise acabou e ninguém me disse nada?!

Maria Ortigão

AVES RARAS


Aqui há dias, um bando de idiotas de profissão e de parvalhões nas horas vagas (já sei que a palavra “idiotas” pode chocar as pessoas mais sensíveis, mas é exactamente o que eles são) resolveu fazer uma marcha nacionalista contra os emigrantes, numa tentativa de mostrar o seu orgulho branco, seja lá o que isso for.
Qual David Attenborough, andei a investigar os hábitos destes estranhos animais que, espera-se, estejam em vias de extinção. Cheguei a conclusões deveras interessantes. A saber:
a) A percentagem de cancro da pele, no seio daquele clã, é zero. Isto, porque odeiam o sol. Se se expusessem ao sol, poderiam ficar morenos, ou seja, a sua pele ia ficar mais escura. Ora, esta seria uma situação que não lhes conviria nada, uma vez que o seu ideal de beleza é serem todos branquinhos, loiros e de olhos azuis, tal e qual como o loiríssimo Hitler. Para isso, nas férias de Verão, trocam o Algarve, o Brasil e o Havai pela Finlândia, Islândia e Sibéria, numa migração secular.
b) Para eles, Charles Darwin é um importante médio da selecção inglesa. (Aliás, os fervorosos adeptos britânicos são os seus melhores amigos.) A evolução das espécies nunca aconteceu, pelo que aquilo de os primeiros hominídeos terem “nascido” em África é uma mentira atroz, que deveria ser retirada dos manuais de História. Foi Deus que criou o homem e sem carapinha.
c) Anatomicamente, o seu cérebro é do tamanho de um amendoim anão e está ligado ao intestino delgado.
Felizmente, nenhum político responsável compactuou com tamanha barbaridade. Contudo, para me estragar esta última frase, Alberto João Jardim veio a público dizer que não quer chineses nem indianos na sua ilha. Oh!... não estraga nada a minha frase, porque, afinal, escrevi “político responsável”!



Maria Ortigão

CANTA, CANTA, AMIGO, CANTA…


No passado dia 2 de Julho, aconteceu um grande espectáculo musical e uma grande lição de solidariedade. Chegou a hora (e já vamos muito atrasados) de dizer basta à miséria, às grandes diferenças sociais e à discriminação não só em África, mas também no mundo dito civilizado e mais rico. De facto, não é só no continente negro que nos deparamos com as tristes imagens de crianças esqueléticas, polvilhadas de moscas. Há cada vez mais sem-abrigo, pedintes e gente a quem as moscas sugaram o brilho do olhar. Do outro lado, estão os ricos que vão ficando cada vez mais ricos e mais egoístas e mais desinteressados.
Como é possível que ainda não se tenha perdoado as dívidas aos países mais pobres? Não é só por uma questão de solidariedade e de ajuda. É que aqueles países, simplesmente, não as podem pagar e de certeza que nunca o conseguirão fazer!
Como é possível que nenhum daqueles oito tenha pensado em desenvolver políticas de entreajuda e de verdadeiro desenvolvimento sustentável? Enviar peixe aos mais desfavorecidos é importante, mas mais importante é ensinar a pescar.
Como é possível deixar morrer uma criança a cada três segundos?
Como é possível que José Castelo Branco tenha um programa na televisão? (Esta pergunta pode parecer desenquadrada, mas tão chocante como as outras.)
Esperemos que os homens mais poderosos do mundo tenham escutado a música e a contestação cada vez mais crescente ao seu pequeno mundo. Infelizmente, tenho a impressão de que farão ouvidos de mercador e tenho a certeza de que Bush não tem nenhuma sensibilidade musical. Parece que lhe agrada mais o som de bombas e de aviões de combate do que uma boa música. É pena!
Pelo menos, ficará para sempre esta grande divisa: NÃO QUEREMOS CARIDADE, QUEREMOS JUSTIÇA.

Maria Ortigão