terça-feira, abril 12, 2005

AOS AMIGOS LEITORES

Devido a vicissitudes várias, ausentei-me do “blog” durante alguns dias. Infelizmente, parece que escolhi o pior momento para tirar umas pequenas férias, uma vez que “Farpas XXI” recebeu uma lufada de ar fresco, graças aos comentários que foram feitos aos nossos textos. Foi com uma alegria imensa que li que éramos lidas e (esta é a melhor parte) criámos polémica, demos azo a reacções.
A Cristina e o Filipe são velhos amigos, conhecem-nos bem e sabem do que a casa gasta. Mas não é por isso que os comentários deles são menos importantes, muito pelo contrário. Agora, o senhor António Ribeiro… uma pessoa que não conhecemos perdeu algum do seu tempo a ler-nos e a escrever-nos… Nós que pensávamos que só éramos lidas por meia dúzia de pessoas e, provavelmente, já estou a exagerar no número… Conseguimos chamar a atenção de alguém que nos é exterior!!! Trata-se de uma pequena vitória e espero que o senhor António Ribeiro tropece em nós mais vezes, mas com cuidado, porque não queremos que caia!
Amigo António, escreva-nos sempre que quiser, deixe-nos os seus comentários, os seus elogios, os seus reparos, os seus elogios, as suas críticas… sem esquecer obviamente os seus elogios!
Escrevendo mais a sério, para mim é importantíssimo saber como os meus textos são recebidos, não me importo nada com as críticas, pois só me dão mais ânimo para continuar e gosto de conhecer diferentes pontos de vista, respeitando-os sempre. Por isso, permita-me que responda ao seu comentário, procurando fazer deste espaço um lugar saudável de debate, com a vantagem de não haver limite de tempo e de não termos luzinhas a acender.
No seu texto, diz que não acha bem que eu, não tendo uma opinião formada sobre um assunto tão melindroso como a eutanásia, me ponha a discordar da opinião do presidente dos EUA nesta matéria. Ora, ou o senhor leu mal a minha farpa e não a compreendeu de todo ou fui eu que a escrevi mal. De qualquer das maneiras, inclino-me mais para a segunda hipótese, já que se o texto estivesse bem escrito, determinadas dúvidas não seriam levantadas. Pelo que, sucintamente, expor-lhe-ei a minha opinião. A farpa “Don’t wanna be an american idiot” não visa discutir a legitimidade ou não da eutanásia (nada, no texto, o sugere), visa sim mostrar como o homem mais poderoso do mundo, que tem uma atitude belicista e arrogante para com a vida do próximo (por exemplo, ainda há pena de morte nos EUA), vem, de repente, erguer o bastião da defesa da vida. Senhor António, se há alguma incoerência no meu texto, não foi fabricada pela minha pena, mas sim por mais uma intervenção desastrosa de Bush.
Noutra parte do seu comentário, insurge-se contra o facto de eu ter epitetado Bush de idiota. Aviso-o já que é meu hábito (talvez qualidade, talvez defeito) de chamar os bois pelos nomes. E certamente que não é por aquele homem ser o presidente do país mais influente do mundo que deixa de ser o idiota que tem sido até agora! Digo-o eu… e alguns milhões de pessoas por este planeta fora!
Escreve, ainda, que é de direita. Pergunto eu: Só porque o senhor simpatiza mais com os partidos conservadores tem obrigatoriamente de aturar as suas maluqueiras? Eu sou de esquerda e não o faço! Aliás, tenho constantemente o cuidado de manter uma postura imparcial e, se ler todas as minhas farpas, verá que distribuo críticas em todas as direcções. Convenhamos que apoiar incondicionalmente as propostas mais estapafúrdias só porque se é de um determinado partido é uma atitude muito redutora.
O que não posso é ficar calada é nunca o farei, enquanto pessoas com responsabilidades acrescidas como o presidente americano e outros que tais preferirem a guerra e a destruição a uma postura pacífica e de fraternidade. Já dizia o humanista Erasmo de Roterdão que “mais vale uma paz precária do que a guerra.”
Sabia, senhor António, que o dinheiro que os EUA estão a gastar na guerra dava para alimentar e vacinar muitas crianças que todos os dias morrem em condições infra-humanas, sobretudo em África? Parece que este continente não tem muito petróleo… Por que motivo Bush não faz guerra à fome, à ignorância, à corrupção, à intolerância? Se o fizesse e, através do seu exemplo arrastasse outros grandes países, talvez não houvesse ditadores para depor, terroristas para deter e tanto egoísmo no mundo. Sei que me vai responder, dizendo que este é um discurso de candidata a “Miss Mundo” (sou baixa de mais e nem vale a pena falar nas minhas ancas) e que estou a desejar uma utopia, mas enquanto se continuar a escolher o caminho mais fácil, nunca saberemos se a utopia poderá ser, algum dia, realidade.
Para finalizar, senhor António, como disse no início, foi com grande alegria que li os seus comentários e até gosto do facto de termos perspectivas diferentes, o que me permite debater e trocar argumentos, actividade que muito aprecio, porque muito me enriquece enquanto pessoa. Continue a ler-nos, a escrever-nos, a criticar-nos e… vá lá, um elogio também sabe bem!...

Maria Ortigão

2 comentários:

Anónimo disse...

Cara Maria Ortigão:
O facto de ter vindo dar ao vosso blogue por acaso e de, como vê, ter ficado, parece-me ser, em si, um elogio. Significa que a coisa tem interesse. Agora, quanto à nossa ploemicazinha:
- Aprecio a sua capacidade de chamar os bois pelos nomes, pois isso certamente a preparará para a eventualidade de alguém lhe chamar, a si, idiota, ou afins;
- Não aturo todas as maluqueiras da Direita. Só adiro à sua forma de ver o mundo. No entanto, deixe-me dizer-lhe que, quanto a Bush, a Maria derrapa como em manteiga com os argumentos mais simplórios. Veja:
- a pena de morte, nos EUA, não é uma questão central, mas federal. Significa que não está nas mãos do presidente americano, e sim em cada um dos estados da Nação, acabar com ela ou mantê-la, assim como está obviamente nas mãos dos juízes aplicá-la ou não;
- Petróleo?! Vá lá, tente, consegue melhor... Explique-me uma coisa (ou duas): se os EUA têm sede de petróleo, porque é que não tomaram o Iraque em 1991, num momento em que mesmo "farpas xxi" tê-lo-ia legitimado? Não será que, bem ou mal, o 11 de Setembro teve mais importância desta vez? Ou isso será ainda a velha cartilha marxista da base económica da humanidade?; e, se a Arábia Saudita, de longe o maior produtor mundial de petróleo do mundo, apoia os EUA, para quê, por petróleo, o Iraque? E o facto de empresas europeias lá estarem? Vá, você deve conseguir melhor...
- A Erasmo, já em post anterior disse que posso contrapor S. Tomás de Aquino e a sua teoria da guerra justa, e Aquino é, oficialmente, santo... Já agora, a Maria acha certamente muito mal que os europeus e os sinistros americanos tenham dado uns tiros para acabar com o nazismo... e talvez cite Erasmo...
- Que me lembre, criticou Fidel. Mas o post contra Bush, admita, foi bem mais violento e agressivo, realmente mais Ramalho e menos Eça (parece que o vosso nome vos cai como uma luva...)

P.S.: Continuem a escrever, e, se quiserem, tratem-me por "tu", pois sou um convicto Liberal (e não Conservador) de 27 anos.

Anónimo disse...

P.S. quanto a África: esses seus comentários suscitam-me as seguintes afirmações:
- Não me venham com a historinha infantil de que a culpa de todas as misérias do Continente-Mãe é dos Europeus e Americanos, ou dos "Ricos". Que eu saiba, o colonialismo acabou há décadas, e ninguém fora de África deve ser responsabilizado pelo Sr. Mugabe ou afins; de resto, muita dessa conversa dos exploradinhos coitadinhos fornece um maravilhoso álibi aos dirigentes africanos, que podem continuar a ser corruptos e ditadores à vontade, instilando nas populações e, o que é trágico, na Esquerda europeia, a ideia de que a culpa é da Europa e, claro, dos EUA...;
- muitos Países africanos queixam-se do excessivo proteccionismo europeu. Sabia, não sabia? Pois... É que os europeus gostam do proteccionismo, desde que, claro, para defenderem a suas economias... Para mim, que convictamente acredito no mercado, parte (PARTE) dos problemas africanos resolver-se-ia mais do que com subsídios, que seguramente enriqueceriam cacifes locais, com Mercado e Comércio Livre. Mas a Esquerda, bizarramente, continua com uma visão estilo Santa Casa da Misericórdia...
Bem hajam!