terça-feira, abril 19, 2005

A PALAVRA PROIBIDA


Ao ler os últimos comentários (até ao dia 15 de Abril) do senhor António, senti-me um verdadeiro calhau com olhos de tão estupidificada que estava. O senhor tem um sério problema de interpretação textual. Note que, quando escrevo os meus textos, faço-o pelo simples prazer de escrever, não resistindo a deixar uns pequenos apontamentos de humor. Pois é, longe de mim gastar a minha pena, discutindo ideologias e outros –ismos, pois prefiro discutir acções, colocando-me no meu lugar de simples cidadã e de habitante da Terra, que almeja por um mundo melhor.
Portanto, não tendo pretensões a poetisa de cariz abstracto ou simbólico, as minhas farpas não transmitem mensagens subliminares. Fiquei muito preocupada com as suas conclusões, tanto que cheguei a ler tudo o que escrevi, no “blog”, de trás para a frente, para saber se eu era um indivíduo perigoso! Mas não. Como lhe digo, sou muito terra-a-terra, por isso, se quiser discutir filosofias idiológico-políticas, dirija-se ao vizinho “Abrupto” e entenda-se com Pacheco Pereira.
Tudo isto, para lhe perguntar onde estão, nos meus escritos, as ideias marxistas, leninistas, estalinistas e sabe-se lá mais o quê? E que estupidez foi essa de sugerir que eu seria contra a luta ao nazismo? Ou de insinuar que a Manuela teria dito que os EUA mereciam o 11 de Setembro? Como consegue deturpar de maneira tão infame, diria até insultuosa, as nossas palavras? E em que parte do meu texto eu disse que a culpa de todas as misérias do Continente-Mãe é dos Europeus e Americanos? Se acha que os meus argumentos são simplórios, nem imagina o que eu penso dos seus! Ocorre-me uma palavra, mas… seria a palavra proibida!!!
Sinceramente, tenho-o em muito boa conta, adoro esta troca de argumentos, é bastante saudável e o António já provou, mais do que uma vez, que é uma pessoa inteligente e, por isso leio, com bastante interesse, o que escreve, estando-lhe grata por gastar o seu tempo no nosso “blog”. Não é de estranhar, então, que mais do que chateada, fico magoada ao ler as barbaridades que escreveu.
É óbvio que fui a favor da intervenção dos EUA no Koweit, quando foi invadido pelo Iraque; é óbvio que, não havendo outra solução, se deva recorrer às armas, sobretudo, quando vidas inocentes estão em risco ou quando ditadores ameaçam as liberdades humanas em nome de pretensões mesquinhas e inenarráveis. Seria a primeira a aplaudir Bush, quando tal acontecesse. Agora, ter a veleidade de mentir ao mundo inteiro, dizendo que havia armas de destruição massiva debaixo da cama de Saddam… E, como, quando lá foram espreitar, só encontraram o seu penico, veio a desculpa esfarrapada de que o ditador tinha de ser travado, em nome da democracia. Acho muito bem que se acabem com ditaduras, mas, apesar de o mundo ser pequeno, ainda há muitos países que gostariam de ser libertados. Onde está, então, o bom samaritano do tio Sam?
Mia Couto disse que a única arma de destruição massiva era o poder do pensamento e que essa, sim, deveria ser espoletada. Por falar em citações, à de Erasmo de Roterdão respondeu-me com uma de um santo. Corrija-me se estiver errada, todavia não foi esse homem santo ou santo homem que andou muito entretido a tentar descobrir, aproveitando alguns escritos de Aristóteles, se a mulher tinha alma ou não?
Aliás, quando estava a ler o seu texto e cheguei a essa parte, “fiat lux” repentinamente na minha cabeça! Transcrevo de seguida os meus pensamentos: “Tu queres ver que o Tony é, nada mais, nada menos que o Paulo Portas! Se calhar, nas suas férias pelo Dobai, andava a navegar na ‘internet’ e… pimbas… viu-nos a falar mal do Bush e toca a replicar-nos! A bem dizer, ele só nomeou um santo, pois que se tivesse falado na Virgem, aí, não haveria dúvidas nenhumas!”
(Nota ao último parágrafo: António, foi uma piada, espero que se tenha divertido e não levado a mal. Garanto-lhe que não há nenhuma ideologia escondida, não precisa de andar à procura do Wally… quer dizer, do –ismo. Será que lhe arranquei um sorriso?)
Depois deste momento de tréguas, vamos lá continuar a farpear! Não me importo nada se o senhor António “apelidar Francisco Louçã de pregador de meia-tigela ou a filosofia marxista-leninista de trágica palhaçada.” Faça o que quiser, já lhe disse que há excessos em todos os lados e idiotas também e certamente que o líder do BE não foge à regra. Devo até dizer que Louçã tem também a sua parte de escorregadelas e não serei eu a estender-lhe a mão para se levantar. Nota-se que, às vezes, a ganza lhe sobe um bocadinho à cabeça.
E também não me importo nada com o que me chamam, porque sei muito bem do que sou capaz e do que não sou. O que não dispenso é que qualquer afirmação venha desprovida de bons argumentos. Se há algumas partes do seu discurso que me fazem reflectir e que eu levo em linha de conta, outros há que me deixam os cabelos em pé, como se de uma manhã de nevoeiro se tratasse. Por exemplo, “a pena de morte, nos EUA, não é uma questão central”. Curiosamente, com esta frase acabou de dar razão a muito do que eu tenho escrito. Pessoalmente, espero que, no seu coração, a pena de morte seja uma das questões centrais.
Para finalizar, gostaria de saber se viu o programa “Por outro Lado”, em que foi entrevistado o embaixador colombiano em Portugal, Plínio Apuleyo Mendonza. Se não viu, ficou sem saber que aquele senhor, juntamente com Carlos Alberto Montaner e Álvaro Vargas Llosa, escreveu o livro “Manual do Perfeito Idiota”. Trata-se de uma caricatura aos políticos sul-americanos e suas incoerências, mas, tal como o próprio afirmou, as características apontadas servem para qualquer estadista menos dotado. Como vê, “não, não sou a única… eu não sou a única…”
Pessoal conhecido que me está a ler, aqui fica uma óptima sugestão para um presente de aniversário!

Maria Ortigão



4 comentários:

Anónimo disse...

A)Nunca sugeri que seriam contra a luta ao nazismo. Se leu com atenção o meu comentário, verá que, IRONICAMENTE, disse que, talvez fossem contra. Ironicamente, porque me citou uma frase de Erasmo que, preto no branco, preferia uma paz podre a uma guerra. Quanto ao 11 de Setembro, já reconheci o erro, e não sei o que mais quer "farpas xxi".

b) Não sei se a Maria é ou não Cristã, ou crente. Mas de Filosofia Medieval, devia ler um pouco mais. Essa história da discussão acerca da existência ou não de alma na mulher é uma historinha que os alegres detractores da Igreja vão propagando, e que muitos, sem reflectir ou se informar, vão engolindo. Tem, no entanto, dois pseudo-fundamentos:
- o facto de a Filosofia escolástica ter discutido uma enorme quantidade de questões, algumas fúteis;
- o facto de alguns teólogos discutirem a questão da alma da mulher. Alguns. Nunca a Igreja em si. Pense, Maria: se a Igreja, alguma vez na sua história, tivesse dito que a mulher não tem alma, acha que perderia tempo a catequizá-la ou admnistrar-lhe os sacramentos?... Sugestão: Já que, incompreensivelmente, tendo em conta a gramática horrível de "farpas xxi", a Maria fica horrorizada por questões de lana caprina com nomes gregos que raras vezes se usem, talvez seja melhor ler um potuco mais sovre Filosofia Medieval. Ou ter a decência de não lançar perguntas tendenciosamente ridículas

b) Talvez siga o seu conselho, e vá mais vezes ao "Abrupto", sem dúvida um dos melhores blogs (ou "blogues", que diz a "Edite Estrela" Maria Ortigão?). O que talvez me tire tempo de leitura a "farpas xxi"

Anónimo disse...

P.S. ao ler o meu comentário: "sovre" não é dialectal. É só efeito de escrever depressa. Que Maria Ortigão guarde o lápis azul a o aplique a outros textos...

Anónimo disse...

“a pena de morte, nos EUA, não é uma questão central”
"Central" tem, aqui, obviamente, um sentido político. Mas Maria Ortigão, cuja capacidade de leitura é cristalina, te-lo-á seguramente compreendido.
Não, não sou Paulo Portas. Nem voto PP.

Anónimo disse...

Ainda para que a capacidade de leitura espantosa de Maria Ortigão não vacile:
a pena de morte nos eua não uma questão central(ou seja, do governo nacional), mas estadual (ou seja, de cada um dos estados)