terça-feira, abril 19, 2005

O COISO DA MÚSICA


Finalmente, a Casa da Música está pronta a dar-nos música. A verdade é que, ainda antes de estar concluída, já se tinha escutado alguma música, na sua maioria, algo desafinada! Mas o que lá vai, lá vai e a cultura saiu beneficiada da longa sinfonia que foi a construção daquele edifício.
No último fim-de-semana, a Manuela e eu fomos visitá-lo. Chegámos à conclusão de que está giro, está interessante e todos os adjectivos que se costuma enunciar, quando se apanha um balde de água fria. Enquanto eu achava que faltava alguma cor, a Manuela jurava que, na televisão, a construção era maior. Não é de estranhar, pois sabe-se que a televisão engorda uns cinco quilos.
O pátio envolvente foi coberto com umas lajes de pedra anti-derrapante de cor castanho-escuro. Como era de noite, eu até pensei que aquilo era madeira! A minha afirmação despertou protestos, pois quem seria maluco o suficiente para pôr madeira cá fora? No entanto, construíram a Casa da Música, não foi? Fiquei logo bastante desanimada, porque me estragaram uma piada: ao olhar para o chão, reparei que a madeira (afinal, pedra) já tinha uns buraquinhos, pelo que me preparava para dizer que, como a Casa da Música demorou tanto tempo a nascer, o bicho da madeira tinha entrado em acção. Fica a intenção piadética!
No entanto, a melhor parte é que o pátio termina, em toda a volta, com lombas ou pequenos montes, que, na realidade, não são assim tão pequenos e dão uma trabalheira subir. Posso afirmar que, no futuro, estas elevações no terreno farão as delícias dos amantes de “skate” e de patins em linha, ao mesmo tempo que irritarão os idosos e os deficientes motores. A não ser que haja algum intrépido que se atreva a fazer deslizamento livre em cadeira de rodas. E muita criancinha vai ficar com a cabeça rachada.
Para quem ainda não se apercebeu da arquitectura, imaginem que um meteorito (Casa da Música) caiu na Boavista e deixou uma cratera com os respectivos bordos.
O mais engraçado é que, daqui a cem anos, todos irão aplaudir a inovação arquitectónica, tal como nós aplaudimos construções de há cem anos atrás!

Maria Ortigão


Sem comentários: