Uma história da vida real*:
O sr. X esteve em sofrimento visível e incapacitante durante duas semanas antes de se dirigir ao centro de saúde correspondente. Vai para as urgências, isto é, a partir das 17h são atendidos por ordem de chegada pessoas que não têm consultas marcadas (consultas essas que implicam estar 2 ou 3 meses à espera). Explica-se e vai para casa com uma folha de exames e alguns medicamentos. Fazer os exames requer, no mínimo, uma semana de espera em sofrimento levemente aliviado por químicos. Vai novamente à urgência. - Que os exames estão incompletos porque no centro de saúde ficou a segunda folha. (Daí termos achado estranho que alguém que se queixa da coluna tenha feito apenas uma radiografia.) Leva novamente uma folha; mais uma semana de espera, resultados, urgência: - Não está bem, de facto, vamos fazer un TAC. A guia do exame precisa de aprovoção do director do centro, por tanto, dentro de dois dias pode vir buscar. Ao segundo nada. No terceiro, tenta marcar-se o exame mas estava no nome de um outro senhor cujo nome também é X mas de apelido diferente! (Agora compreendem com alguém pode ser operado por engano?!) O funcionario do laboratório aceitou marcar à mesma, mas era preciso rectificar a guia o que implica vltar duas vezes ao centro de saúde. Espera-se resultados e deixam-se na secretaria com um número de telefone para posterior conferência com a médica, solução apontada por ela. A falta de notícias leva o sr. X ao "verdadeiro médico de familia", ou seja, um particular conhecido de longa data que já tratou os pais do sr. X. Passam três semanas e vai-se ao centro de saúde buscar o TAC. A funcionária procura, -quando o deixou? Para a médica qual? Aqui não está nada...- estava num outro armário e ainda não tinha sido visto pela médica. Foi lá dentro mostrar, passados cinco minutos aparece a mesma funcionária dizendo que não tinha hérnias, razão pela qual tinha sido feito o exame para despistar a hipótese. O sr. X, sabiamos nós pelo outro médico, tem três hérnias: uma delas em estado incipiente mas que apresenta mais gravidade que as outra duas juntas.
O sr. X voltou ao sofrimento que antes tinha sido aliviado através de umas injecções e recorreu novamente ao centro de saúde. Um outro médico, porque nas urgências é assim, pode sêr-se atendido pelo médico de família que deveria estar a para do quadro clínico ou por outro que nunca viu o paciente e ao qual é preciso pôr à par da situação, tempo gasto.
O sr. doutor não percebeu como a colega deixou escapar a situação. - Vá pra casa tomar mais uma injecções e depois venha cá. Aguarda-se novos desenvolvimentos. Mas é de salientar que estas segundas injecções custaram menos de dois euros e fizeram o mesmo efeito que outras muito mais caras.
*A minha vaidade lembrou-se do epíteto: conto urbano (de horror) mas eu não escrevo bem.
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