domingo, outubro 02, 2005

Direito de Resposta

Passei agora mesmo pelo vosso blogue, que há muito não visitava, e vi que havia lá um post que me interpela. [Para evitar chatices, respondo aqui.] Antes de mais, gostaria de dizer que subscrevo tudo o que diz o tal de António Pedro Ribeiro, excepto a generalização apressada do termo "Esquerda" que o indivíduo tem por hábito fazer. O resto, subscrevo tudo, sobretudo a arrogância/ignorância dos>comentadores de serviço. Também eu não reconheço a ninguém o direito de dizer que eu não me preocupo com o Futuro do planeta e das gerações vindouras. Por isso, os comentadores que lá comentaram bem podem recolher o dedinho acusatório e inquisitorial. Mas como discutir ideias é sempre bom, cá vai o que acho sobre o que a Manuela diz e pergunta: O problema de Quioto não se compreende sem duas questões prévias:
a) O aquecimento global que actualmente se verifica é fruto da acção humana?
b) Se sim, o protocolo de Quioto é a melhor, ou mesmo a única forma>de o combater? Os ambientalistas "hard" e certa Esquerda respondem, sem vacilar, Sim. O problema, como muito bem diz a Manuela, é que não há "o" estudo que o mostre. Ainda há meses, vi na SIC-Notícias um fulano dizer que uma parte dos cientistas acha que, na realidade, o impacto humano no Clima é pouco, e que estas alterações se devem a mudanças naturais no planeta. Mas se a questão é polémica, o que se devia fazer era investigar, ouvir, e não berrar e acusar. O problema é que, desde certa Esquerda até certos ingénuos, passando pelos comentadores de farpas xxi, o que normalmente se faz é berrar, fazer piadas de taberna, acusar os que poem objecções de serem terroristas do ambiente, insensíveis, etc. Em poucas palavras, distinguir os "bons" dos "maus". É o exercício favorito dos ignorantes e dos cínicos, mas devia ser evitado. Acontece é que uma parte dessa casta tem objectivos bem concretos: atacar os EUA e o Capitalismo. Para isso, o ambiente é só um pretexto e uma arma de arremesso. Ora, o>caso Quioto caiu-lhes como mel na sopa. Começam por atacar a não - assinatura do protocolo, passam dai a generalizações abusivas sobre Bush, depois generalizam abusivamente sobre os EUA, as empresas, etc. O ambiente é só um pretexto nisto tudo. Mas vejamos a questão Quioto. Em primeiro lugar, é verdade o que disse o António Ribeiro. Eu não sei se o tal Celeman e outros que tal faziam ideia, mas é mesmo verdade que Bill Clinton assinou o protocolo, mas não o levou ao Senado. Ou seja, na prática, Clinton apenas fez uma manobra de diversão. Porque competia ao senado uma última palavra. Por isso, mesmo se Bush quisesse, não podia rectificar o protocolo sem que o Senado dissesse também sim. Os sujeitos que gostam de dizer que atacam Bush e não os EUA deviam estar um pouco mais informados sobre o que é e o que não é responsabilidade exclusiva do presidente Americano... Mas ler custa tempo, e "é evidente" que Bush é uma nódoa... Depois, há aqui algo de fundamental. O que, pelo menos uma parte da admnistração republicana, disse, foi que Quioto implicaria demasiados danos na economia americana. Aqui, a retórica dirá: mas o>ambiente, o planeta é mais importante!. Resposta: que fazer dos possíveis desempregados e baixa de produção acarretada hipoteticamente por Quioto? Os "ambientalistas hard" iriam chorar lágrimas por isso? Não. Iam assobiar para o lado. De resto, vários Paises, embora assinando Quioto, parece que o não estão a cumprir. Por que é que os ambientalistas não erguem a voz contra eles? E, bem>vistas as contas, não será preferível, primeiro preparar a indústria, e depois reduzir a emissão de poluentes? O que implica, neste momento, a não assinatura do protocolo. Mas são perguntas, porque eu continuo sem ler Quioto, e aposto um dedo em como nenhuma das pessoas que escreve em farpasxxi, autoras ou comentadores, o leram. Comentários para quê? E que dizer de um acordo que os EUA celebraram com Paises asiáticos sobre a emissão de poluentes? E que dizer da evidência de que as florestas Americanas estão muito melhor preservadas que as Europeias? Isso não interessa? A conclusão a tirar é que Quioto se tranformou numa arma de>arremesso contra Bush. Mas não contem comigo para atiçar dedos inquisitoriais. A mim, Deus não me concedeu o dom de julgar as intenções dos outros, chamando-lhes de insensíveis face às gerações futuras. Se há aí gente a quem Deus concedeu esse dom, que continue assim. O mundo precisa deles. Mas um pouco mais de rigor e atenção, por favor.
F.A.M
Nota: A publicação deste texto foi devidamente autorizada pelo seu autor.

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