sábado, junho 04, 2005

NOVO PROGRAMA ESCOLAR – UMA PROPOSTA PARA O FUTURO DE BELMIRO DE AZEVEDO



Numa conferência recente, Belmiro de Azevedo afirmou que os professores portugueses deseducavam e que os jovens não eram preparados para a vida profissional. De uma maneira geral, concordo com estas afirmações. Não sei muito bem onde o empresário queria chegar com aquilo dos professores portugueses deseducarem (hoje em dia, os professores tentam desesperadamente educar!), mas, de facto, os currículos escolares estão desajustados.
Depois de muita insistência, “Farpas XXI” conseguiu aceder ao currículo alternativo, elaborado pela Sonae. Aqui ficam algumas propostas:

- Português:
a) erradicação total do estudo de poemas, essas mariquices que não servem para nada;
b) livro de leitura obrigatória: O Príncipe, de Maquiavel; é importante, desde tenra idade, inculcar, no espírito dos alunos, a máxima: não olhar a meios para atingir os fins;
c) novos dicionários, compostos pelas seguintes palavras: dinheiro, lucro, mais-valia, capital, percentagem, acções; palavras banidas: humanismo, altruísmo, solidariedade, ética, moral.

- Trabalhos Manuais:
a) técnica de repor “stocks” nas prateleiras das grandes
superfícies;
b) técnica de recolha de cestos para compras;
c) formação de operador de telemóveis.

- Latim: consistirá apenas de uma aula de dez minutos, em que os alunos aprenderão, de uma vez por todas, a pronunciar correctamente “optimus”, ou seja, o [p] deve ser pronunciado, porque se trata de uma palavra latina.


- Matemática:
a) resolução intensiva de equações, cujo resultado seja sempre positivo;
b) conteúdo especial: Como enganar o estado, através da declaração de rendimentos?

- Geografia:
a) alunos ricos: realização de trabalhos, ao longo do ano, sobre paraísos fiscais e ilhas igualmente paradisíacas (por exemplo, Bora Bora e Seychelles), onde passarão as férias com o dinheiro ganho à custa dos mais pobres;
b) alunos pobres: realização de trabalhos, ao longo do ano, sobre os países asiáticos e outros subdesenvolvidos, onde se trabalha como escravo, se recebe muito pouco e não há lugar para queixas.

- Educação Física:
a) exercícios localizados nos membros superiores para facilitar a passagem das compras nas máquinas registadoras;
b) aulas de colocação de voz para se atingir aquele timbre especial das meninas, que pedem a alguém que se dirija à informação.

- Filosofia: rapidamente retirada do currículo, porque não gera dinheiro.

Maria Ortigão


2 comentários:

Anónimo disse...

Céus, como é bom a Esquerda pôr em prática o seu velho ódio às pessoas que enriquecem e que fazem enriquecer o País. Como é bom ver como a Esquerda não muda. Como é bom assistir a mais uma manifestação de inveja!

Anónimo disse...

Como não vos consegui enviar o e-mail em resposta a um que me enviaram há tempos, cá vai ele:

Encontrei, finalmente, os excertos que tirei do segundo dos artigos de António
Barreto referidos:

«A Esquerda enganou-se II

Não pretendo rebater, um a um, todos os argumentos tradicionais da Esquerda,
entretanto adoptados pelo centro e por grande parte da Direita. Mas é
possível ver o destino reservado a tantos desejos e a tantas certezas
políticas. Por exemplo, os países que mais esforçadamente investiram
recursos públicos na educação, quase todos os socialistas de Leste, assim
como Cuba, são excelentes exemplos de como a educação não provoca, por si,
o desenvolvimento. Naqueles países, as taxas de alfabetização, de
cumprimento da escolaridade, de formação técnica e superior, são quase sem
igual no mundo. No entanto, o desenvolvimento económico, tecnológico e
cultural desses países ficou muito aquém do verificado nos países
capitalistas com que se podem comparar. Naqueles países, aliás, também o
desenvolvimento cultural e a liberdade individual ficaram muito longe do
crescimento da educação. Noutras palavras, a educação, por si só, não
cria cultura nem liberdade. Nem é motora de desenvolvimento.
Quanto às desigulades sociais, (...) em Portugal, este aumento de desigualdades
é contemporâneo do maior desenvolvimento educativo da história de Portugal.
É mesmo possível, ou provável, segundo alguns, que o crescimento da
educação em todos os seus aspectos tenha, entre outros resultados, o de
aumentar as desigualdades. (...) O acesso indiscriminado, independente do
mérito, ao ensino superior, é seguramente uma das causas de desperdício
público ( e familiar) que representa uma taxa de abandono de 50 por cento do
total de matrículas. (...) A eliminação das diferenças curriculares nos
níveis escolares ulteriores aos primeiros nove anos de escolaridade, feita em
nome da igualdade social, não criou, ao que se sabe, nenhuma dinâmica nova de
igualdade de oportunidades. (...) Acontece que que a escola oficial se tem
geralmente degradado, enquanto a particular tem mantido melhor organização.
(...)»
António Barreto, «Público», 6 Setembro 2004

Quanto a mim digo que:
O caminho passa por medidas que a Direita vem exigindo e o País acabará por
acatar:
a) Fim do concurso nacional de professores
b) Absoluto pé de igualdade entre o Público e o Privado
c) Privatização considerável das escolas
d) Gestão profissional das escolas públicas
e) Continuação do "numerus clausus", com exames nacionais e provas de acesso
ao ensino superior
entre outras...