segunda-feira, junho 13, 2005

Efemérides

Nasce em Lisboa, no largo de São Carlos, a 13 de Junho de 1899 Fernando António Nogueira de Seabra Pessoa.
Biografia retirada do Livro do Desassossego, Visão.
Por isso fui à procura de algo... do Mestre. Eis, senão, quando me apercebo que, o que mais gosto é de: Bernardo Soares*, ajudante de guarda livros na cidade de Lisboa. Assim que fui à procura do ortónimo e gostei mais deste, livre de provocações:
António de Oliveira Salazar
António de Oliveira Salazar.
Três nomes em sequência regular...
António é António.
Oliveira é uma árvore.
Salazar é só apelido.
Até aí está bem.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.

Este senhor Salazar
É feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A água dissolve
O sal,
E sob o céu
Fica só azar, é natural.
Oh, com os diabos!
Parece que já choveu…

Coitado
Ddo tiraninho!
Não bebe vinho.
Nem sequer sozinho…

Bebe a verdade
E a liberdade.
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.

Coitadinho
D Tiraninho!
O meu vizinho
Etá na Guiné,
E meu padrinho
N Limoeiro
Aui ao pé,
Ms ninguém sabe por quê.

Mas,enfim, é
Ceto e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé.
Que o coitadinho
Do Tiraninho
Não bebe vinho
Nem até
Café.
Fernando Pessoa, Poemas satíricos e de humor.
* Que é tudo Pessoa... que fiz bem em procurar... não interessa!
M.Q.

1 comentário:

Anónimo disse...

Mais uma justa homenagem.
«The Times

Sentou-se bêbado à mesa e escreveu um fundo
do «Times», claro, inclassificável, lido...
Supondo (coitado!) que ia ter influência no mundo...
Santo Deus!... E talvez a tenha tido!»

Álvaro de Campos, Poemas, INCM, 1992



«D. Duarte, Rei de Portugal

Meu dever fez-me, como Deus ao mundo.
A regra de ser Rei almou meu ser,
Em dia e letra escrupuloso e fundo.

Firme em minha tristeza, tal vivi.
Cumpri contra o Destino o meu dever.
Inutilmente? Não, porque o cumpri»

Fernando Pessoa, «Mensagem», Edições Ática