1. Apresentadora do “Magazine”:
“ – Se desfolharmos este livro…”
Comentário: este é um erro que até faz doer o coração. Acho inadmissível que uma jornalista, num programa vocacionado para a cultura, cometa semelhante irregularidade linguística.
Desfolhar significa arrancar as folhas. O prefixo des- tem o sentido negativo de separação ou de acção contrária. Ora, certamente que a apresentadora não nos pedia para arrancarmos as folhas do pobre códice, mas sim que o folheássemos, isto é, que virássemos as suas folhas.
Se a dita senhora passar por mim, pode ter a certeza que a vou despentear, descabelar, desmembrar e, por fim, destruir.
2. No balneário da piscina que frequento, uma educadora de infância faz a seguinte pergunta a uma das suas crianças:
“ – Já fostes à casa-de-banho? Prontos!”
Comentário: Infelizmente, é de pequenino que se torce a gramática.
Aquela senhora deseducadora fez um dois em um! Para já, “fostes” é a forma verbal, no pretérito perfeito, de verbo ser, conjugado na segunda pessoa do plural. Porém, não havia plural, pois só interrogou uma criança. A não ser que a pequena fosse da realeza, pelo que só assim se justificaria o emprego de “vós”!
Depois termina, proferindo a palavra preferida dos jogadores de futebol, que é “prontos”. Ora, “pronto” é um advérbio que, neste caso, tem o sentido de estar tudo preparado, no fundo, de estar tudo pronto. Este advérbio não tem plural.
Se, numa frase, esta senhora comete logo dois erros, quantos cometerá durante uma aula inteira? É que, “prontos”, isto não pode acontecer!
3. Amigo, depois de ter respondido a uma pergunta de uma estrangeira:
“ – Disse-lhe ‘acho que sim’, para ela não ficar na dúvida!”
Comentário: Olha que grande ajuda!
4. Insigne professora de Latim da Faculdade de Letras do Porto:
“ – Estamos perante uma aparência de excepção, que se chama excepção aparente!”
Comentário: Não admira que a alta taxa de reprovação em Latim, pois aparentemente tira-se positiva e depois tem-se negativa. É a tal excepção aparente, que é aparentemente excepcional, ou talvez não!!!
Maria Ortigão
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