terça-feira, fevereiro 15, 2005

HISTÓRIAS DA VIDA REAL

1. Eu e João Teixeira Lopes

É verdade, eu e o bloquista somos velhos companheiros, conhecemo-nos de ginjeira, já passámos por muito juntos. De facto, aqui deixo o testemunho da nossa camaradagem.
Nunca poderei esquecer aquela tarde de Primavera de 2002. Estava numa sala de aula da Faculdade de Letras do Porto à espera que uma aula começasse. Eis que, de repente, qual miragem no deserto, de tão irreal que parecia, surge uma cabecita interrogadora à porta da sala. Sim, era o João, o amigo João. Seguiu-se um diálogo, quiçá premonitório, que passo a transcrever:
João: Que aula vai haver aqui?
Eu: Literatura Portuguesa.
João: Obrigado.
Que eloquência, que orador nato, que segurança nas palavras… Por momentos, pensei que tivesse recuado no tempo e, à minha frente, gesticulava Cícero!
Como podem ver, há uma ligação muito forte entre mim e o amigalhaço João.



2. Eu e a comitiva do PSD
Nos últimos dias, o PSD veio fazer campanha eleitoral para o Porto e arredores.
Domingo, dia 13 do corrente mês, dia solarengo como os deste Inverno, fui a um café à beira-mar. Como seria de esperar, o estabelecimento estava apinhado, havendo mesmo quem entrasse e saísse logo a seguir por falta de lugar.
Passado algum tempo, uma onda gigante inundou o nosso descanso. Contudo, a destruição não veio de Ocidente, do mar, veio antes de Leste. Sem ninguém contar e desconhecendo a enorme força daquele fenómeno artificial, gerou-se um pânico crescente, pois cerca de dez militantes do PSD resolveram fazer campanha ali mesmo no café. Enfim, já nenhum lugar, por mais agradável que pareça, é seguro.
Apesar de tudo isto, tenho de realçar a organização e a cabeça fria da populaça em pânico, porque mantiveram sempre a calma e evacuaram ordeiramente o edifício. Todas as normas de segurança foram cumpridas, as saídas de emergência funcionaram em pleno, não há registo de feridos, ficou apenas um grande susto para contar, mais tarde, aos netos.
De facto, enquanto os militares distribuíam coletes reflectores, os habituais panfletos e canetas, bem como cachecóis laranjas e porta-chaves (Santana Lopes já avisara que sacos plásticos é que não), algumas pessoas levantaram-se e foram embora. Num café que antes estava repleto, ficaram algumas mesas vazias.
Por isso, aqui fica uma dica. Quando tiverem de enfrentar transportes públicos a abarrotar, quando se dirigirem a um qualquer balcão de administração pública com a senha número 90 e o “placard” indicar o número 23 ou quando quiserem chegar à fila da frente de um concerto, saquem de uma bandeirinha de PSD r vão ter a solução para os vossos problemas.

Maria Ortigão

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