terça-feira, julho 18, 2006

PARA MIM? NÃO ERA PRECISO!


Sou fã das crónicas semanais de Zé de Bragança, na revista “Notícias Magazine”. Este domingo, escreveu sobre presentes e favores.
Dizia que “No passado, a aceitação de gratificações e presentes constituía infracção disciplinar muito grave punida com sanções severíssimas” para evitar “a existência de uma contrapartida antecedente ou futura.” Não sei onde exactamente situaria Zé de Bragança o passado a que se refere, mas, quando andava na primária, lembro-me perfeitamente de que a minha mãe ficava fula por ver algumas das outras mães a porem na mão da professora um ramo de flores, uns ovos caseiros, umas alfaces, uns chocolates…
Mais à frente, o cronista afirmava que “Portugal é o país do favor.” e que recentemente “a mais idiossincrática tendência portuguesa para o presente agudizou-se. (…) Com o advento da democracia esta prática – que sempre existiu – transformou-se em cultura.” Como estas palavras são tão certas! De facto, depois da primária, nunca mais vi (pelo menos, tão descaradamente) professores presenteados.
No entanto, já no novo milénio e numa instituição pública de ensino superior, contemplei, perto do Natal, a secretária de uma professora a encher-se de pequenos embrulhos brilhantes à medida que os alunos iam entrando na sala. Recordo-me de ficar pasmada, pois pensava que aquilo se tinha extinto. Não faço ideia de quais eram exactamente as intenções dos presenteadores nem se a presenteada correspondeu às expectativas dos primeiros. Sinceramente, não quero saber, porque se as minhas desconfianças fossem confirmadas…

Maria Ortigão



3 comentários:

cristina disse...

Vamos, por momentos, admitir que as tuas desconfiaças não se confirmam...

Os ovos e as alfaces ou as flores e os chocolates são uma forma de agradecimento pelo serviço prestado. É claro que o professor não fez mais do que a sua obrigação, mas não vejo problema em que o seu esforço seja recolhecido com um pequeno gesto do aluno ou dos pais. Não tens de saber se o presenteado corresponde às expectativas dos presenteadores, pois o acto é algo posterior às acções do presenteado - às acções recompensáveis dignamente (que são essas que interessam - lembra-te que estamos a ignorar as tuas desconfianças!). Ou seja, o presente é o reflexo da acção do professor e não ao contrário!

Desconfiada!... =)

celso serra disse...

Vai ver que era apenas o aniversário da sra,o dia em cumpria não-sei-quantos anos de casada ou qualquer coisa dessas...
Melhor não desconfiar em relação à retribuição...:)

Maria Ortigão e Manuela Queirós disse...

O problema é que os presentes não foram posteriores ao ano lectivo. Se assim fosse, não haveria desconfianças.
O que presenciei foi durante o ano lectivo (primária) e no Natal (faculdade). Mas, enfim, o que lá vai, lá vai...

Maria Ortigão