quinta-feira, junho 15, 2006

CANTORIAS



Talvez na sequência de um grave ataque de loucura, deu-me para ver o “Festival da Canção”. Na verdade, só vi mesmo a final, prova de que provavelmente a minha maluquice ainda terá remédio.

1. Desfile de todas as canções a concurso

Apesar de ser uma competição entre vários países europeus, aquilo parecia mais o Festival da Canção Inglesa. Está bem que ajuda a perceber melhor as letras, mas penso que se perde um pouco da individualidade e riqueza linguística de cada país. Porém, no fundo, no fundo, a letra e a melodia pouco importam actualmente, pois o que está a dar é despir ao máximo as meninas e ter uma coreografia a apontar para o lascivo. Isso é que proporciona pontos.
No entanto, este ano foi diferente, o que muito me agradou. O grupo vencedor, representante da Finlândia, apresentou uma música mais “rock” e indumentária a condizer. Eram os “Lordie” que estavam caracterizados de monstros e vinham vestidinhos dos pés à cabeça.
Até a música era diferente das outras, mais “arrockalhada”, o que muito escandalizou o comentador da RTP, Eládio Clímaco. Ele não percebia como aquela canção estava a receber tantos votos. Dizia frequentemente que era “heavy metal”. Que exagero! Era, apenas, mais forte do que as outras que se pautavam por baladas arrastadíssimas ou por sons mais “pop/hip hop/dança” (mistura muito má!). Tenho a impressão de que um disco dos “Lordie” é um disco de canções de embalar para os “Moonspell”!
O facto é que Eládio estava tão atarantado que, nas despedidas, disse que nos voltaríamos a encontrar em Reiquiavique, na Finlândia.

2. O esquema das pontuações
Finalmente, percebi como se distribuem os pontos pelos países. Também percebi a razão pela qual o nosso país fica quase sempre tão mal classificado. Afinal, não é só porque as canções portuguesas são do piorio (salvo honradíssimas excepções, como os poemas cantados por Simone de Oliveira, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho…). O problema está na geografia. Pelo que me deu a entender, cada um dos países dá maior número de votos aos seus vizinhos. Ora, Portugal só tem um vizinho, a Espanha. Até nisto não fomos bafejados pela sorte, porque os espanhóis preferem todos ter diarreia a votar em nós!

Maria Ortigão

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