terça-feira, outubro 04, 2005

MAIS POLITIQUICES


1. Um Rio descontrolado


Rui Rio, candidato à Câmara Municipal do Porto, foi duramente apupado numa visita a um bairro portuense. Por ter notado um número, na sua opinião, anormal de camisolas e bandeiras do PS nos que o criticaram, resolveu afirmar que o partido rival estaria envolvido nos insultos de que foi vítima. Como já perdi, há muito tempo, a confiança nos políticos, devo dizer que não me espantaria nada que o Partido Socialista andasse realmente a fazer jogo sujo com o intuito de prejudicar a coligação oponente.
No entanto, será que Rui Rio não pensou que a população poderia simplesmente estar descontente com a sua política?

2. Assustamos ou pregamos cartazes?

Passa da meia-noite. As bruxas saíram, há pouco, dos seus repelentes covis e pavoneiam-se nas suas vassouras, prontas para fazer maldades e assustar os pobres mortais. A noite é-lhes propícia com a Lua cheia, uma certa neblina e um piar longínquo de aves de mau agoiro.
As indefesas criaturas humanas, julgando-se a salvo, nas suas humildes casas, dormem o sono dos justos, alheadas ao terror que se aproxima.
Os monstros nocturnos já vêm a caminho, deixando um rasto gelado nos corações de quem os escuta.
De repente, escolhem o alvo e atacam-no sem dó nem piedade. É uma casa familiar sem defesas suficientes para resistir à brutal investida de tais horrores. Os humanos acordam sobressaltados com um barulho que se assemelha a um bater contínuo e portentoso na parede. Parecia que os seres nocturnos esburacam os muros, visando penetrar na habitação e arrancar os seus ocupantes do calor do lar. Entretanto, a pequena família tiritava num abraço impotente. O que é isto? Porquê nós? O que nos querem?
Mas o pai da família, inspirando um sopro de coragem, dirige-se para a porta, enquanto os membros os tentam impedir, implorando-lhe para que não os abandonasse. Tremendo como varas verdes, o homem entreabriu a porta e espreitou… Oh, que visão infernal! Que trevas cortantes! Era… um grupo de três pessoas que pregavam, no poste telefónico, um cartaz de um candidato à Junta de Freguesia. Nesse cartaz, liam-se as qualidades do candidato: “empreendedor, humanista e solidário”. Penso que bastava “barulhento”.

Maria Ortigão

Sem comentários: