terça-feira, maio 24, 2005

PEGUEI, TRINQUEI…


Em algumas idas ao supermercado, assisti a pequenos quadros da vida familiar que me deixaram perplexa.
Na zona das frutas, muitos indivíduos se aproximavam das uvas, das cerejas e das nêsperas (e de outras pequenas frutas certamente), estendiam a mão e levavam um ou dois exemplares à boca. Houve alguém que me disse que era para ver se as frutas eram boas, se eram docinhas. Pois acredito que sim! À socapa tudo é mais apetitoso!!!
Pessoalmente, acho esta atitude anti-higiénica e pouco respeitosa, porque a fruta deve ser lavada antes de consumida (lavada, pelo que friccioná-la contra a roupa não chega!) e porque andar a surripiar fruta é, em si, um acto pouco cívico. Até compreendo que se queira constatar a qualidade do produto antes de o adquirir, mas se ninguém anda à dentada às maçãs ou a descascar laranjas, porque sacrificar a fruta mais pequena? Será que tem que ver com a teoria da evolução das espécies, em que o mais forte aniquila o mais fraco?
Se assim for, da próxima vez que fizer compras, vou pedir que cozam a carne para saber se fica realmente tenra como anunciam na televisão e também vou pedir uma taça com leite e uma balança para me certificar que, ao consumir aqueles cereais, consigo diminuir o meu peso.
Voltando à fruta. Normalmente, as pessoas, que atacam aqueles espécimes indefesos, não contam com uma pequena contrariedade no final da sua degustação – os caroços. Então, o que fazer com estes restos incómodos? Deitá-los nos caixotes do lixo. Contudo, não os há nas proximidades. Pelos vistos, só resta uma solução… Vi muita gente a simplesmente deitar os caroços nas caixas, que continham as própria frutas!!! Se, neste momento, soltaram um ah de indignação, lembrem-se de que as mesmas pessoas não lavaram a fruta, por isso estão perfeitamente congruentes com a sua javardice!
Nas zona das bolachas, pensando que estava a salvo das grosserias da zona das frutas, deparei-me com uma peculiar cena familiar. A mulher grávida varria as prateleiras com o seu olhar desejoso, que se coadunava com o seu estado. Como não encontrava nada ao seu gosto e ao seu bolso, confidenciou ao marido que precisava de levar qualquer coisa boa para o lanche, mas que era tudo muito caro. O senhor respondeu-lhe nestes termos: “Faz como as outras. Vais petiscando do que poderes e, quando saíres daqui, já estás lanchada!”
Estive bastante tempo a reflectir nesta tirada, mas é quase tão incrível como o Benfica ganhar o campeonato, que não há comentário à altura!
No entanto, ocorreu-me uma ideia. Se todos estes prevaricadores pagassem uma multa pela sua má conduta e se as receitas revertessem para o défice, talvez ainda conseguíssemos baixar para os 3%. Que me dizem, senhores economistas?


Maria Ortigão


1 comentário:

Anónimo disse...

É mais que certo!