terça-feira, maio 24, 2005

A DEFICIÊNCIA PORTUGUESA


Andava toda a gente preocupada em manter o pacto de estabilidade da Zona Euro, fazendo tudo por tudo para que o défice se mantivesse abaixo dos 3%, quando… eis que de repente… a coisa já vai nos 6%! Anda-se não sei há quanto tempo a apertar o cinto para esconder a tanga, quando, de um momento para o outro, ficámos sem cinto e se conseguirmos uma parra para taparmos as partes pudendas já vamos com muita sorte!
O pior é que estão previstas sanções económicas para os países que ultrapassarem os tais 3% de défice. Ora bem, vamos fazer agora um momento de reflexão: se um país não consegue cumprir com os limites do défice, é porque tem graves problemas económicos, portanto, ter de enfrentar ainda mais dificuldades, graças às sanções, parece-me algo paradoxal. É como se obrigássemos um miúdo de três anos a ler um texto, sob pena de levar uma chapada. Como é claro, a criança ainda não sabe ler, por isso é castigada. O mesmo acontecesse com os nossos economistas e financeiros, que só servem para passear as pastinhas e as gravatas e que só sabem iniciar frases com as palavras “Ó senhor doutor”, mas que ainda não aprenderam a fazer contas. E ainda – cá vem outro paradoxo – são dos mais bem pagos do país!
Mas o mais engraçado é que, após sabermos das catastróficas contas do país, apareceu um membro do PS a dizer que a culpa disto tudo era do antigo mandato laranja. Por sua vez, uma representante do PSD afirmou que, quando subiu ao poder, as contas já estavam nas ruas da amargura por causa do anterior executivo do PS.
Eu não concordo nada com isto, porque a culpa (coitada, sempre a mudar de dono!) foi de Salazar, que atrasou muito o país. Não, na realidade, a culpa foi dos Descobrimentos e das suas riquezas que, em vez de ficarem armazenadas para cobrirem o défice do século XXI, foram estouradas em monumentos, festas e prazeres pessoais da monarquia. (Bem, isto de atirar as culpas é quase como um vício!)
Parem tudo! Já descobri de quem é a culpa! Após aturadas investigações, auscultação de conversas telefónicas e de muito remexer no lixo dos suspeitos… Senhores e senhoras… o grande culpado da deficiência portuguesa é D. Afonso Henriques! A verdade é que se aquele malandro não se armasse em espertalhão e andasse a combater os castelhanos, hoje éramos todos espanhóis. Vivíamos melhor, porque tínhamos uma economia forte e o Vítor Baía poderia ser guarda-redes da selecção!

Maria Ortigão

4 comentários:

Anónimo disse...

Por acaso, não estarás a generalizar um pouco os insultos?...

Anónimo disse...

As sanções (ou afins) são absolutamente necessárias. Trata-se de ter uma moeda estabilizada, impedindo desvios deficitários. O problema é que os estados não deviam gastar mais do que podem. Como? Mais liberdade económica, menos estado, incluindo menos estado social, esse convite ao parasitismo e à inércia que a retórica balofa de Esquerda vai alimentando sob o nome ridículo e pomposo de "direitos adquiridos".

Anónimo disse...

P.S: a coisa não vai nos 6%. 6% é, simplesmente, uma previsão. Se nada for feito, em Dezembro, esse será o número do déficit. Haja rigor!

Anónimo disse...

"os nossos economistas e financeiros, que só servem para passear as pastinhas e as gravatas e que só sabem iniciar frases com as palavras “Ó senhor doutor”, mas que ainda não aprenderam a fazer contas"

Assim sendo, nós, os ignorantes, pedimos de joelhos à toda sábia Ortigão que nos dê umas lições sobre PIB, deficit, taxas de juro e de câmbio. A julgar pelo comentário, deve ser a sua especialidade, para além do Português fossilizado. Aguardamos, pois, uma farpa que nos eduque e nos ensine a fazer contas...