quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Acerca de Política

ACERCA DE POLÍTICA

1. Ser ou não ser homossexual


Recentemente, Pedro Santana Lopes (primeiro-ministro que, depois de ser demitido, resolveu, num acto de inédita bravura, demitir-se; demitido ou demissionário, o que nós queríamos mesmo era vê-lo dali para fora!), escudado pela JSD, lançou o boato de que José Sócrates seria homossexual. Por esta altura, a imprensa cor-de-rosa não perdeu tempo e adiantou o nome de companheiro do dirigente socialista – Diogo Infante.

Se Sócrates é ou não homossexual, não me interessa nada. O que interessa ao país é que se o senhor for eleito primeiro-ministro, faça um bom trabalho. Aliás, tenho quase a certeza de que assim será, pois fazer pior, em tão pouco tempo, do que o demitido/demissionário é quase impossível. Escrevo quase, porque este advérbio, que significa muito próximo, é uma forma de salvaguardar a credibilidade do “blog” e porque, afinal de contas, vivemos em Portugal, terra de alguns acontecimentos dignos de vários episódios de Ficheiros Secretos: José Castelo Branco aclamado herói nacional; Levanta-te e Ri como um dos programas mais vistos, na televisão portuguesa; reeleição após reeleição de Alberto João Jardim, na Madeira; actores que se formam não pelo Conservatório, mas pelas passarelas…

Mas voltando ao assunto da homossexualidade… O Diogo Infante é homossexual? NÃO, NÃO, MIL VEZES NÃO!!! Para mim e para muitas mulheres portuguesas foram anos de fantasias pelo cano abaixo. Foi como se me tivessem apunhalado bem no centro do coração e, não contentes com o meu estrebuchar de agonia, rodassem o punhal.

Naquele debate entre Santana e Sócrates, transmitido simultaneamente pela Dois e pela SIC (os mais atentos certamente repararam que a Dois levava alguns segundos de avanço), o homónimo do ilustre grego afirmou peremptoriamente a vileza das declarações feitas à sua vida pessoal. Em nome das minhas fantasias, suspiro de alívio!



2. 10%? Achas mesmo?

Paulo Portas impôs como meta do CDS-PP atingir, nas próximas eleições, 10% de votos. Paulinho, esta é só para ti: Fia-te na Virgem e não corras…


3. Poluição visual

Em tempo de campanha eleitoral, aparecem, como cogumelos, cartazes por todo o lado. Nos últimos anos, esses cartazes têm vindo a aumentar drasticamente de tamanho. Portanto, não só vemos a cara dos candidatos por todo o lado, como as vemos em grande.

Andava eu, há poucos dias, a passear por um jardim público, quando exclamei aterrada: “Pelo monóculo de Eça de Queirós!” À minha frente, enterrados na relva fofa do jardim, estavam três grandes cartazes. O mesmo é dizer que estava perante um caso grave de poluição visual.

“Amáveis bandidos”… perdão… políticos portugueses, ninguém está interessado nas vossas mentiras… perdão, novamente… nas vossas promessas. Não há português que ainda acredite em vocês, não vos levamos a sério!
Sabemos que têm uma vida difícil e desgastante, que precisam de comprar muitos fatos, gravatas e sapatos de qualidade (Filipe Menezes confirmou-o), que só se podem deslocar em automóveis de alta cilindrada e na primeira classe de todos os outros meios de transporte e que ser uma figura pública é uma canseira. Todavia, será que não encontram um bocadinho de tempo, por mais pequenino que seja, para realmente governarem o país, para se interessarem pelo vosso povo, para, enfim, fazerem alguma coisa de jeito?
Se não se importam com os vossos eleitores, acham mesmo que alguém vai reparar nos cartazes? Acham que gostamos de ver a vossa cara em tamanho XXL? Vá lá que a têm coberta de base. Era só o que faltava termos de apanhar também com os vossos pontos negros e imperfeições epidérmicas.

Ao observar aqueles três mamarrachos, que descaracterizavam o jardim, pensei: “Onde estão os amantes de graffiti quando são precisos?” Em vez de andarem a vandalizar muros e paredes públicos, podiam perfeitamente dar uns retoques àqueles cartazes. Mas aqui vai uma sugestão: nada de pegarem nas latas e limitarem-se a assinar (ainda por cima numa caligrafia que não se entende!). Que tal desenharem realmente alguma coisa e só depois assinarem?
Porém, como não havia “mans bué da marados”, envergando sacos de serapilheira em vez de calças e com, pelo menos, umas sete “t-shirts” vestidas, nas redondezas, pensei nos bigodes que Marcel Duchamp fez na “Mona Lisa”… Será que Louçã ficaria bem com umas pilosidades debaixo do nariz?


Maria Ortigão

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