quinta-feira, abril 12, 2007

COMO É POSSÍVEL?


1. Daqui, ninguém nos tira!
Descreverei um caso real e igualmente absurdo que foi presenciado pela minha mãe. Qualquer similitude com a realidade é pura realidade.
A peixeira, que anda com uma carrinha pela freguesia (e que, muitas vezes, quis esganar um bocadinho por me acordar às 7 horas da manhã de sábado com “grandíloquas e sonorosas” buzinadelas), sentiu-se mal, quando se encontrava às portas da Junta, que é paredes-meias com o Centro de Saúde. A senhora desmaiou, portanto, a 20 metros da entrada do posto médico. Obviamente, as pessoas que estavam perto acorreram ao dito posto e pediram assistência para alguém que estava caído na rua. Agora, vem a parte gira, que até destaco:
Funcionários, enfermeiras e médicos recusaram prestar ajuda a um ser humano inerte, porque…
Só agora é que vem a parte verdadeiramente gira, daí que a destaque a dobrar:
Não acudiram uma pessoa, porque não têm autorização para sair das instalações. Que ligassem para o INEM!
Ora, cá está, que se lixe o juramento de Hipócrates e que se lixe quem teve a pouca sorte de cair redonda a poucos metros do alvo, pois o que importa é obedecer estupidamente a regras estúpidas.
Felizmente para a doente, as pessoas reagiram com indignação e tanto pressionaram os verdadeiros doentes (mentais) que uma enfermeira se dignou a infringir a lei para fazer o seu trabalho.
Neste momento, a senhora peixeira encontra-se a recuperar.
O que concluímos depois deste episódio? Dois aspectos importantíssimos: primeiro, vou ter algum sossego aos sábados de manhã; segundo, para nossa segurança, convém dar-nos o badagaio dentro do consultório médico.

2. É preciso policiar a polícia.
Num dos vários passeios por onde caminho diariamente e que costuma estar ocupado por automóveis, dificultando muito a passagem de peões, tive a agradável surpresa de ver alguns agentes a multar aqueles invasores de espaços alheios.
“Já não era sem tempo!” – pensei eu, enquanto atravessava a estrada na passadeira. Só que, antes do final do trajecto, tive de contornar o carro da polícia que estava estacionado em cima daquela passadeira!


Maria Ortigão

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