Nota: Esta farpa já estava escrita há algum tempo, mas por falta do mesmo tempo, só agora foi possível publicá-la. Pede-se desculpa pela falta de actualidade.
1. A má pontaria americana
O vice-presidente americano, Dick Cheney, confundiu o ser humano com uma ave! Quem havia sido contra a “libertação” do Iraque já desconfiava da má pontaria dos governantes americanos, mas, depois deste episódio caricato, as suspeitas foram confirmadas. Da mesma maneira, os EUA não deveriam ter apontado armas para o Iraque, mas para o Irão. Se queriam libertar o mundo de loucos ditadores e de armas de destruição maciça, tinham de avançar uns quilómetros mais ao lado.
Nos últimos tempos, o que começa a preocupar a comunidade internacional são as afirmações altamente estapafúrdias com que o presidente do Irão nos tem brindado. Do outro lado do mundo, o presidente dos EUA também tem tido a sua quota-parte de declarações altamente estapafúrdias. Alter-egos? Gémeos separados à nascença? Inimigos irreconciliáveis?
2. “Cartoons”
Se os ânimos entre Ocidente e Oriente já andavam algo tremidos, agora, com as caricaturas de Maomé, gerou-se um terramoto.
Quando vi o motivo de tão grande incómodo muçulmano, não pude deixar de sentir algum mal-estar. Apesar de não ser ismaelita, não gostei nada do que vi. Senti-me envergonhada de pertencer a uma cultura que, com a sua liberdade, ofende outra. Na minha opinião, aqueles desenhos eram realmente ofensivos. É claro que também considero intolerável os actos violentos que foram cometidos e absolutamente nada pode justificar as mortes que aconteceram. Mas não posso entender a razão que levou meia dúzia de artistas, à sombra da liberdade de expressão, a insultar aquilo que é mais sagrado no Islamismo. Para quê? Queriam provar alguma coisa?
Esses desenhadores nunca devem ter convivido com muçulmanos, caso contrário seriam incapazes de rabiscar aquilo. Durante alguns meses, trabalhei de perto com um “mouro” e sinto o quão injusto é para aquela civilização inteira ver-se metida no saco do fundamentalismo. Fundamentalismo é um movimento que existe em todas as raças e crenças.
Também não percebi a razão de, no meio de um tumulto crescente, alguns jornais republicarem os tais desenhos. Isso, lancem mais achas para a fogueira! É mesmo disso que a paz precisa! Dêem de bandeja aos fundamentalistas motivos mais do que suficientes para inflamarem os ânimos e causarem distúrbios! Não defendo, porém, que devemos ficar calados perante: “Israel tem de ser riscado do mapa!” ou “Vamos reatar o programa nuclear quer queiram quer não!”…
Criticar, sim. Insultar, não.
3. Reacções dos políticos portugueses
Assisti a um debate, no Canal 2, entre representantes dos partidos políticos portugueses. Se calhar, era do sono, mas os partidos de esquerda salientavam que não se devia, com a nossa liberdade, ofender as crenças de povos culturalmente diferentes (indo ao encontro do que foi declarado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros); os partidos de direita, por sua vez, estavam revoltadíssimos e era vê-los com a liberdade de expressão para cima, para baixo, para todos os lados. Parecia que os papéis se tinham invertido e os outrora conservadores estavam todos abespinhados, enquanto os interventivos usavam expressões como “Ora vamos lá ver” e “É preciso ter em conta que”.
Apesar de tudo, fiquei muito contente por a direita defender tão acerrimamente a liberdade de expressão. É sinal de que aquele pequenino incidente com Saramago e “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” não passou de um equívoco há muito esquecido.
1. A má pontaria americana
O vice-presidente americano, Dick Cheney, confundiu o ser humano com uma ave! Quem havia sido contra a “libertação” do Iraque já desconfiava da má pontaria dos governantes americanos, mas, depois deste episódio caricato, as suspeitas foram confirmadas. Da mesma maneira, os EUA não deveriam ter apontado armas para o Iraque, mas para o Irão. Se queriam libertar o mundo de loucos ditadores e de armas de destruição maciça, tinham de avançar uns quilómetros mais ao lado.
Nos últimos tempos, o que começa a preocupar a comunidade internacional são as afirmações altamente estapafúrdias com que o presidente do Irão nos tem brindado. Do outro lado do mundo, o presidente dos EUA também tem tido a sua quota-parte de declarações altamente estapafúrdias. Alter-egos? Gémeos separados à nascença? Inimigos irreconciliáveis?
2. “Cartoons”
Se os ânimos entre Ocidente e Oriente já andavam algo tremidos, agora, com as caricaturas de Maomé, gerou-se um terramoto.
Quando vi o motivo de tão grande incómodo muçulmano, não pude deixar de sentir algum mal-estar. Apesar de não ser ismaelita, não gostei nada do que vi. Senti-me envergonhada de pertencer a uma cultura que, com a sua liberdade, ofende outra. Na minha opinião, aqueles desenhos eram realmente ofensivos. É claro que também considero intolerável os actos violentos que foram cometidos e absolutamente nada pode justificar as mortes que aconteceram. Mas não posso entender a razão que levou meia dúzia de artistas, à sombra da liberdade de expressão, a insultar aquilo que é mais sagrado no Islamismo. Para quê? Queriam provar alguma coisa?
Esses desenhadores nunca devem ter convivido com muçulmanos, caso contrário seriam incapazes de rabiscar aquilo. Durante alguns meses, trabalhei de perto com um “mouro” e sinto o quão injusto é para aquela civilização inteira ver-se metida no saco do fundamentalismo. Fundamentalismo é um movimento que existe em todas as raças e crenças.
Também não percebi a razão de, no meio de um tumulto crescente, alguns jornais republicarem os tais desenhos. Isso, lancem mais achas para a fogueira! É mesmo disso que a paz precisa! Dêem de bandeja aos fundamentalistas motivos mais do que suficientes para inflamarem os ânimos e causarem distúrbios! Não defendo, porém, que devemos ficar calados perante: “Israel tem de ser riscado do mapa!” ou “Vamos reatar o programa nuclear quer queiram quer não!”…
Criticar, sim. Insultar, não.
3. Reacções dos políticos portugueses
Assisti a um debate, no Canal 2, entre representantes dos partidos políticos portugueses. Se calhar, era do sono, mas os partidos de esquerda salientavam que não se devia, com a nossa liberdade, ofender as crenças de povos culturalmente diferentes (indo ao encontro do que foi declarado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros); os partidos de direita, por sua vez, estavam revoltadíssimos e era vê-los com a liberdade de expressão para cima, para baixo, para todos os lados. Parecia que os papéis se tinham invertido e os outrora conservadores estavam todos abespinhados, enquanto os interventivos usavam expressões como “Ora vamos lá ver” e “É preciso ter em conta que”.
Apesar de tudo, fiquei muito contente por a direita defender tão acerrimamente a liberdade de expressão. É sinal de que aquele pequenino incidente com Saramago e “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” não passou de um equívoco há muito esquecido.
Maria Ortigão
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