domingo, janeiro 22, 2006

AUTO DA BARCA DAS PRESIDENCIAIS (parte última)

Vêm quatro Cavaleiros, Honra, Verdade, Justiça e Honestidade, os quais trazem cada um a bandeira de Portugal, pela qual morreram a defender a Democracia. Absoltos a culpa e pena per privilégio que os assi morrem têm dos mistérios da Paixão d’Aquele País por Quem padecem, outorgados por todos os que lutaram pela Liberdade. E a cantiga que assi cantavam, quanto a palavra dela, é a seguinte:
Cavaleiros: Às eleições, às eleições seguras
eleições bem guarnecidas,
às eleições, às eleições da Democracia!
Candidatos que desejais
o poder e a fama trasitória, memória,
pela Democracia, memória deste temeroso cais!
Às eleições, às eleições, eleitores,
eleições bem guarnecidas,
às eleições, às eleições da Democracia!
Vigiai-vos, candidatos,
que, depois das eleições,
neste país estão os mandatos
de prazeres ou dolores!
Às eleições, às eleições, eleitores,
eleições mui nobrecidas,
às eleições, às eleições da Democracia!
E passando per diante da proa do batel dos danados assi cantando, com suas
bandeiras nacionais, disse o Arrais da derrota desta maneira:
Diabo: Cavaleiros, vós passais
e nom perguntais onde is?

Honra: Vós, Satanás, presumis?
Atentai com quem falais!

Verdade: Vós que nos demandais?
Siquer conhecê-nos bem:
Somos as partes da Democracia,
e não queirais saber mais.

Diabo: Entrai cá! Que cousa é essa?
Eu nom posso entender isto?

Justiça: Quem morre peça Democracia
não vai em tal barca como essa!
Tornam a prosseguir, cantando, seu caminho direito à barca da Glória, e, tanto
que chegam, diz o Anjo:
Anjo: Ó Cavaleiros da Democracia,
a vós estou esperando,
que morrestes pelejando
por Portugal, nosso país amado!
Sois livres de todo o mal,
mártires da Madre Democracia,
que quem morre em combate tal
merece paz eternal.
E assi embarcaram.
Maria Ortigão

1 comentário:

Anónimo disse...

Acho muito bem porem ordem neste Auto que andava para aqui um bocado desordenado. Mas escusavam de dar sumiço ao meu comentário! :) Admitindo que não foi propositado, reafirmo agora o que já havia dito. Dizia eu qualquer coisa como:

Boa escolha para os Quatro Cavaleiros da Glória! Resta-nos fazer com que não pereçam de vez no Domingo!