1. O motivo
As autoridades israelitas decidiram bombardear e invadir o Líbano, porque dois dos seus soldados foram raptados pelo Hezbollah. Seria de esperar que esta gente do poder puxasse um pouco mais pela cabecinha e arranjasse desculpas menos esfarrapadas ou que convencessem a sério. Parece que a tendência do novo milénio é inventar qualquer coisa à pressa, pois os mísseis já estão em contagem decrescente.
Não me admiraria se, daqui a pouco, a China invadisse o Japão, polque a bandeila nipónica tem muito pouca col velmelha. Ou a Nigéria atacasse os Camarões para fazer uma mariscada.
Por tudo isto, peço encarecidamente aos próximos senhores da guerra que, entre um tanque e um obus, reflectissem nas verdadeiras razões que os levam a matar outros seres humanos.
2. O conflito
O engraçado (que não tem graça nenhuma) é que tanto Israel como o Líbano acertaram em tudo o que não interessava.
Israel bombardeou alvos civis, uma vez que os terroristas usavam a população como escudo humano. Ou seja, o facto de poderem estar a matar a torto e a direito não fez muita diferença. Já desmarquei as minha férias em Telavive não fosse, por algum infeliz acaso, tomada como refém num assalto. Já estou a imaginar a polícia israelita a disparar sobre os gatunos e sobre mim.
Por seu lado, o Hezbollah atacou a população judaica, facto logo aproveitado pelo governo hebraico para mostrar o quão mauzões os outros eram. Eu pergunto: e onde estavam os bons?
Os bons estavam reunidos nas Nações Unidas a tentar arranjar maneira de acabar com a guerra. O que demorou uma eternidade.
Entretanto, eram atacados edifícios com crianças, ambulâncias e pequenos barcos de pesca. Houve, porém, um ataque bem fundamentado. Foi aquele ao camião de fruta e legumes. Sim, toda a gente sabe que a maçã, o rabanete e a cenoura são uns grandes terroristas para o colesterol!
3. O resultado
O resultado é sempre trágico. Houve demasiados mortos, outros tantos deslocados, muita destruição, os soldados raptados continuam raptados, o Hezbollah não foi desarmado e até saiu fortificado, porque protegeu a população e está a dar-lhe dinheiro para reconstruir as casas.
Portanto, se as coisas estavam más, ficaram piores. Mais uma vez se prova que a guerra não é nem nunca será a solução.
Maria Ortigão