1. Buzinas irritantes
Já se sabe como os portugueses são a conduzir… e a buzinar. Muito gostam de carregar no botão que brinda a nossa vida com mais som, que, muitas vezes, nos faz um exame auditivo grátis e polvilha-nos com momentos de sobressalto. Desde o desfile de carros num casamento, ao cumprimentar um peão amigo ou conhecido, passando pelo tradicional buzinão quando se forma uma fila (ou bicha), temos de aturar muito barulho.
Não sei se já repararam que, no meio de um engarrafamento, normalmente, está tudo calmo até que alguém apita furiosamente. É nesse momento que quase todos os outros automobilistas se lembram que também têm buzina e, não querendo ficar atrás na contribuição para a poluição sonora, orquestram uma sinfonia bastante desarmónica. Ainda se adiantasse alguma coisa!
Há, além disto, um outro movimento de solidariedade audível que me irrita até ao tutano. É, incompreensivelmente, comum ouvir-se com insistência, buzinadelas, quando camionetas e autocarros têm de parar para embarcar passageiros. Os donos dos carros, que ficam míseros minutos atrás daqueles transportes públicos, compreendem a situação? Não! Demonstram o mínimo de paciência para com idosos, cujas dificuldades de mobilidade, os fazem demorar um pouco mais a subir para o ónibus (do latim “omnibus” que significa para todos)? Não! Se, acaso, gastarmos, no máximo, dez segundos para entrar, somos apupados por quem se deve achar demasiado importante. Trata-se de uma enorme falta de respeito por quem não tem outro meio de se movimentar ou por quem altruisticamente não quer contribuir para a poluição e congestionamento das nossas cidades.
E que dizer de um buzinão feito atrás de uma camioneta já de noite e à beira de um hospital?
Que as buzinas rebentem nos vossos ouvidos!
2. Andar no metro
Um casal da Guarda enganou-se e levou o carro pelos trilhos do metro do Porto. A estupefacção foi geral, sobretudo, dos próprios:
— Ai, homem, tanta trepidação! Isto até faz mal às cruzes!
— Tens razão, querida! Como é possível que as estradas do Porto tenham tantos buracos?
Maria Ortigão
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